CONSTRUÇÕES NARRATIVAS SOBRE GÊNERO E CULTURA: INTERPRETAÇÕES DAS PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS DE MULAN (1998;2020)

  • Marcelo Morales Graziano Centro Universitário Cidade Verde (UNICV)
  • Vivian Rafaella Prestes Centro Universitário Cidade Verde (UNICV)
  • Alexandre Luís Ponce Martins Docente na Universidade Cesumar (UNICESUMAR)

Resumo

Os meios de comunicação exercem papel central na construção social do gênero, funcionando como pedagogias culturais que ensinam, de forma explícita ou implícita, normas e expectativas sobre o binarismo masculinidade e feminilidade. Nesse contexto, os filmes de animação, sobretudo os voltados ao público infantil, desempenham influência decisiva na formação de subjetividades. O filme Mulan (Disney, 1998; live-action, 2020) é um exemplo paradigmático dessa dinâmica, ao apresentar uma protagonista que desafia papéis tradicionais de gênero, mas que também se insere em narrativas permeadas por valores patriarcais, culturais e mercadológicos. Este trabalho propõe uma análise crítica de Mulan, considerando representações de gênero e outros marcadores sociais, como idade, classe e cultura. A narrativa de uma jovem que se disfarça de homem para lutar no lugar do pai e pela pátria problematiza a naturalização de papéis de gênero ao demonstrar que atributos como coragem, liderança e inteligência não são exclusivos dos homens. Contudo, a personagem é legitimada dentro de uma estrutura militar e nacionalista, o que limita a potência de sua ruptura. O live-action (2020), ao transformar Mulan em uma heroína predestinada por dons extraordinários, também desloca a crítica social para uma exceção individualizada. A análise interseccional evidencia que a obra articula não apenas questões de gênero, mas também tensões culturais e geopolíticas, ao retratar a China a partir de um olhar ocidental. A recepção global do filme gerou debates sobre representatividade, apropriação cultural e feminismo, revelando que a mídia não é neutra, mas um espaço de disputa simbólica e política. Conclui-se que Mulan representa tanto avanços quanto limitações nas representações de gênero. A obra contribui para questionar normas sociais, mas reforça ideais tradicionais. Assim, sua análise reafirma a importância da crítica midiática e da educação para a mídia como estratégias fundamentais na luta por igualdade de gênero e justiça social.

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Publicado
2025-12-16
Seção
Artigos