O IMIGRANTE COMO PARADOXO: ENTRE A EXPLORAÇÃO ECONÔMICA E O INIMIGO CONSTRUÍDO
Resumo
Este artigo analisa a mobilidade humana como uma consequência intrínseca do modo de produção capitalista, enfocando a condição paradoxal do imigrante no contexto contemporâneo. Embora constitua uma força indispensável para a dinâmica econômica global, o imigrante é simultaneamente alvo de estigmatização, exclusão e políticas restritivas, fenômeno que reflete as contradições estruturais das sociedades capitalistas. A partir de uma abordagem interdisciplinar, que integra perspectivas geográficas, sociais, políticas e psicossociais, o estudo compreende o ser humano como agente ativo na transformação do espaço, mediado por determinações materiais e motivações subjetivas. O artigo dialoga com os conceitos de “vida nua” de Giorgio Agamben e de “necropolítica” de Achille Mbembe para aprofundar a compreensão sobre a instrumentalização econômica e a desumanização política do imigrante. Destaca-se como a mobilidade é regulada não apenas como um mecanismo de exploração, mas também como tecnologia de governo que legitima exclusão e vulnerabilização, configurando as fronteiras contemporâneas em dispositivos de controle seletivo e morte social. A análise inclui a construção discursiva do imigrante como ameaça social, econômica e cultural, enfatizando que a psicopolítica do medo age como ferramenta para manter hierarquias de poder e fragmentar a solidariedade. Por meio de pesquisa bibliográfica qualitativa, o artigo sistematiza conceitos clássicos e contemporâneos para demonstrar que as transformações espaciais resultam de mediações históricas, sociais e subjetivas. Com isso, busca-se revelar a complexa dialética entre dependência econômica e rejeição política do imigrante, mostrando como esse paradoxo atualiza antigos mecanismos de dominação e desigualdade no espaço global.