“A não ser quando ele está vermelho”. Hipótese redacional de Levítico 15

Palavras-chave: Interpretação histórico-social da Bíblia Hebraica, Levítico 15, impureza, liderança feminina na Bíblia Hebraica, exegese da Bíblia Hebraica

Resumo

O artigo tem por objetivo analisar histórico-socialmente o texto hebraico de Levítico 15. Os procedimentos teórico-metodológicos correspondem à análise da raiz hebraica זוב a) em dicionários de hebraico, b) na Bíblia Hebraica, particularmente, em Levítico 15, c) bem como em dado conjunto da literatura especializada. A hipótese que se defende é que, em seu atual estado reacional, Levítico 15 corresponde à reformulação sacerdotal de um conjunto original de prescrições para cinco casos de tabus masculinos e femininos: a) doença venérea masculina, b) emissão solitária de sêmen, c) coito entre homem e mulher, d) doença venérea feminina e e) menstruação. Por meio de intervenções precisas ao texto original, a reformulação sacerdotal converte a prescrição para doença venérea feminina em prescrição para menstruação, e, por consequente redundância, a anterior e original prescrição para menstruação em prescrição para disfunção hemorrágica genital. Por hipótese, no contexto de enfrentamento entre a liderança sacerdotal da golah e a liderança campesina feminina, a reformulação sacerdotal de Levítico 15 atende à estratégia sacerdotal de intervir no imaginário da população até então sob aquela liderança. À custa da desconfiguração da isometria original de Lv 15, a universalização da impureza do sangue genital feminino responderia à tática sacerdotal de superavaliar a impureza feminina, para interditar o seu serviço religioso e desautorizar sua liderança sobre a população de Judá.

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Biografia do Autor

Osvaldo Luiz Ribeiro, Faculdade Unida de Vitória Mestrado Profissional em Ciências das Religiões

Coordenador do Mestrado Profissional em Ciências das Religiões da Faculdade Unida

Publicado
2018-09-01
Como Citar
Ribeiro, O. L. (2018). “A não ser quando ele está vermelho”. Hipótese redacional de Levítico 15. Revista Brasileira De História Das Religiões, 11(32), 221-250. https://doi.org/10.4025/rbhranpuh.v11i32.40179