A vez dos eleitos

religião e discurso conservador nas eleições municipais do Rio de Janeiro

Palavras-chave: Pentecostais, Eleições executivas, Comportamento eleitoral, Rio de Janeiro

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar a eleição para a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro em 2016, avaliando a preponderância do fator religioso e das pautas morais para a eleição do bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e ex-senador, Marcelo Crivella. Neste sentido, destacaremos a capacidade de articulação política dos grupos religiosos envolvidos no pleito, sobretudo, da IURD e, posteriormente, avaliaremos diacronicamente as eleições executivas cariocas disputadas por Crivella entre 2004 e 2016, quando foi finalmente eleito. Partimos da hipótese de que o sucesso eleitoral de 2016 se deveu a uma conjunção que extrapola a questão religiosa, envolvendo aspectos sociais, políticos e econômicos, que incidiram sobre Brasil e, de forma aguda, sobre a capital fluminense. Dessa forma, acreditamos que a vitória de Crivella ainda que tenha se dado em um espaço mais conjuntural do que estrutural, em que se somam o desgaste do PMDB carioca, após sucessivos escândalos de corrupção, o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, o progressivo avanço conservador e retração das esquerdas, pode apresentar-se como uma tônica para as eleições majoritárias futuras, na quais, candidatos prescindem do domínio da parcela majoritária do eleitorado, contando com uma minoria coesa, organizada em oposição a outros grupos vistos como inimigos e em meio a um cenário de desmobilização de extensas fatias do eleitorado.

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Biografia do Autor

Paulo Gracino Junior, IUPERJ-UCAM

Professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política do IUPERJ-UCAM

Gabriel Silva Rezende, IUPERJ

Doutorando em Ciências Sociais, ênfase em Ciência Política, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Mestre em Sociologia Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), bem como é Bacharel em Relações Internacionais pelo Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Cândido Mendes (UCAM), foi bolsista de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ- 2013-15) e bolsista de Mestrado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) entre 2016-2018. Tem experiência nas áreas de Sociologia, Ciência Política e Relações Internacionais, produzindo investigações sobre sociologia política, cultura e comportamento político, instituições religiosas e participação política. É Pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Federalismo, Política e Desenvolvimento (NUFEPD/PUC-Rio), cadastrado no CNPq, nas linhas de pesquisa: Democracia, Eleições e Instituições Políticas; e Ideias, Intelectuais e Teoria Política.

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Publicado
2020-08-11
Como Citar
Gracino Junior, P., & Rezende, G. S. (2020). A vez dos eleitos. Revista Brasileira De História Das Religiões, 13(38). https://doi.org/10.4025/rbhranpuh.v13i38.52641