O reconhecimento da independência e do império do Brasil pela Santa Sé

os interesses políticos e religiosos do governo brasileiro

Palavras-chave: Independência do Brasil; Santa Sé; Relações Internacionais; Reconhecimento da independência; Diplomacia.

Resumo

Este artigo apresenta as políticas e as estratégias do governo brasileiro para obter, junto a Santa Sé, o reconhecimento da independência e do Império do Brasil e regularizar os negócios eclesiásticos. Para tal, analiso os documentos que nortearam a missão diplomática enviada a Roma, em 1824, comandada pelo monsenhor Francisco Corrêa Vidigal, tais como o decreto de nomeação, as credenciais, as instruções, além das recomendações e conselhos. As diretrizes do governo defendiam a sobreposição do poder temporal sobre o espiritual, a fim de legitimar as intervenções do poder civil e combater e esvaziar o poder dos pontífices. Pretende-se contribuir para os estudos sobre os primeiros anos das atividades diplomáticas do Brasil, assim como para o entendimento da política externa, da formação do pensamento católico e da construção do Estado Nacional.

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Biografia do Autor

Jérri Roberto Marin, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)

Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP); Professor Titular da Faculdade de Ciências Humanas/Curso de História/Universidade Federal de Mato Grosso do Sul;   Professor da Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD); Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP); Pós-doutor pela Università Degli Studi di Roma "La Sapienza". E-mail: jerrimarin@gmail.com

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Publicado
2023-12-31
Como Citar
Marin, J. R. (2023). O reconhecimento da independência e do império do Brasil pela Santa Sé. Revista Brasileira De História Das Religiões, 16(48). https://doi.org/10.4025/rbhranpuh.v17i48.67741