CARACTERÍSTICAS ENERGÉTICAS DA TORTA DE CRAMBE INDUSTRIAL APÓS EXTRAÇÃO DE ÓLEO PARA BIODIESEL
Abstract
A produção de biodiesel no Brasil utiliza mais de 75% da soja como matéria-prima, cujo teor de óleo é ~24%, enquanto que para o crambe alcança ~40%. A torta de crambe (~60% do peso original) é biomassa residual no processo de extração do óleo, que permanece sem destinação comercial adequada visto inadequação como alimento quando in natura. O objetivo é investigar as características energéticas da torta prensada de crambe identificando potencial valorização deste coproduto para conversão em energia térmica. Amostras de crambe após processamento industrial em fábrica de biodiesel foram analisadas quanto à composição química imediata e elementar, bem como massa específica aparente e poder calorífico superior e inferior (PCS e PCI). As principais conclusões obtidas são: PCS de 22 MJ.kg-1 é ~20% superior ao do bagaço da cana-de-açúcar, teor de umidade reduzido e demais parâmetros de qualidade energéticos (TCF, TMV e composição elementar para C, H e O; em oposição ao elevado teor de cinzas, TCZ~6%), indicam características favoráveis ao uso deste coproduto como combustível sólido. A densificação poderia viabilizar o armazenamento, transporte e comercialização da torta de crambe industrial na forma de peletes ou briquetes, visando aplicações com fins de aproveitamento de energia. Assim, identifica-se a torta de crambe com potencial para agregar valor econômico na cadeia produtiva do biodiesel.
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