A constituição da Sociologia no Brasil e o Direito: a formação dos intelectuais
Resumo
Este artigo busca compreender a institucionalização da Sociologia no Brasil e sua relação com o Direito. Especificamente, será analisada a biografia coletiva de intelectuais que nasceram no século XIX, formaram-se em Direito e dedicaram-se à produção de manuais de Sociologia, sendo eles: Alceu Amoroso Lima, Carneiro Leão, Fernando de Azevedo e Pontes de Miranda. Estes intelectuais se destacaram tanto por produzirem manuais específicos de sociologia, como também por atuarem em projetos educacionais e políticos que foram importantes para a constituição do campo intelectual da sociologia no Brasil. O referencial teórico busca base na teoria das elites e do campo de Pierre Bourdieu com o intuito de entender as estruturas de poder que propiciaram o surgimento de uma elite especializada nos conhecimentos sociológicos. Evidenciar os agentes, o jogo de disputas pelo capital simbólico e o habitus construído nesse espaço intelectual é parte deste estudo. Além da prosopografia, foi realizada a análise dos manuais produzidos pelos autores citados, respectivamente: Preparação à Sociologia (1931); Fundamento de Sociologia (1940); Princípios de Sociologia (1935) e Sociologia Educacional (1940); Introdução à Sociologia Geral (1926). Entre os principais resultados destaca-se que esses intelectuais foram agentes de disseminação dos conhecimentos sociológicos no país, visto que, por meio das reformas educacionais, dos projetos editoriais e da atuação no magistério criaram as condições necessárias para a institucionalização da sociologia no Brasil. No entanto, suas filiações teóricas e ideológicas permitiram também a pluralidade de concepções de Sociologia, gerando disputas no interior deste espaço social.