Entrevista com Michael Löwy Noventa anos de publicação dos “Sete Ensaios de Interpretação da Realidade Peruana” e a atualidade de Mariátegui
Resumo
Em 2018, o livro “Sete Ensaios de Interpretação da Realidade Peruana”, escrito seminal na história do marxismo latino-americano, completa 90 anos de publicação. José Carlos Mariátegui o escreveu tendo como uma de suas fontes de inspiração o fato incontornável de que, no Peru de sua época, o cruzamento entre os pertencimentos de raça e classe era estratégico para se pensar um programa socialista no âmbito das organizações do proletariado rural e urbano. Já no fim da segunda década dos anos 2000, as massas de trabalhadoras e trabalhadores não-brancas que caracterizam a América Latina parecem sustentar o vigor das teses de Mariátegui. Mais ainda se levarmos em consideração as históricas experiências de poder político, ainda em plena vigência, do zapatismo no México e do MAS boliviano. Conte-se ainda a importância política de movimentos indígenas como o equatoriano, peruano, colombiano, chileno e argentino, que congrega povos espalhados pelo que já foi o grande império – “Tawantinsuyo”- inca (quéchuas, aymarás, mapuches e outros). Nas palavras de Michael Löwy, “esta mobilização demonstrou que Mariátegui tinha razão de insistir [...] no potencial revolucionário dos movimentos indígenas em nosso continente”. Na entrevista abaixo[1], ele comenta essa e outras questões concernentes à pujante contemporaneidade do pensamento do Amauta por ocasião do nonagésimo aniversário de sua principal obra.
[1] Concedida por e-mail em meados de dezembro de 2017.