Fragmentos da escrita da história de Hannah Arendt
análise do contador de histórias em A condição humana (1958), O conceito de História – Antigo e Moderno (1958) e A quebra entre o passado e o futuro (1961)
Resumo
O presente ensaio aborda a metáfora do contador de estórias de Hannah Arendt. A suspeita que rege a pesquisa é que tal metáfora contém fragmentos da escrita da história de Arendt. Para desdobrar tal hipótese, analisamos três textos da pensadora, A condição humana, A quebra entre o passado e o futuro e O conceito de História – Antigo e Moderno. A problemática que tangencia nossa pesquisa é quais são as principais características do contador de estórias de Arendt? E quais suas contribuições para a compreensão da escrita da história da pensadora? Dessa forma, objetivamos mapear e analisar as características do contador de estórias e verificar suas contribuições para a compreensão da escrita da história da autora. Nossa análise esteve calcada na operacionalização dos seguintes conceitos koselleckianos: Ausgrengung, espaço de experiência e horizonte de expectativa. Os principais resultados podem ser divididos nos seguintes eixos: concepção de sujeito e do contador de estórias, objetivo e localização do contador, finalidade da narrativa e contribuições para o entendimento da escrita da história.
Downloads
Referências
AGUIAR, Odilio Alves. Pensamento e narração em Hannah Arendt. In: MORAES, Eduardo Jardim de.; BIGNOTTO, Newton. (Orgs.). Hannah Arendt: diálogos, reflexões, memórias. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001, p. 215-226.
ARENDT, Hannah. A condição humana. Trad. Roberto Raposo. Revisão técnica e apresentação Adriano Correia. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2019.
________________. A quebra entre o passado e o futuro. In: _______________. Entre o passado e o futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2016a, p. 28-42.
________________. O conceito de História – Antigo e Moderno. In: ________________. Entre o passado e o futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2016b, p. 69-126.
BENJAMIN, Walter. M HA
_________________. O contador de histórias: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: _________________. A arte de contar histórias. Trad. Georg Otte, Marcelo Backes e Patrícia Lavell. São Paulo: Hedra, 2018, p. 19-58.
BREPOHL, Marion. Hannah Arendt e suas suspeitas ao método histórico: excelência da ação. A condição humana: 50 anos. Curitiba: UFPR, 2008, p. 1-12. Disponível em: https://www.academia.edu/32007068/Hannah_Arendt_e_as_desaven%C3%A7as_com_a_historiografia_de_seu_tempo.pdf. Acesso em: 08/12/2021.
DOSSE, François. História do tempo presente e historiografia. Trad. Silvia Maria Fávero Arend. Florianópolis, Tempo e Argumento, v. 4, n. 1, p. 5-22, jan/jun, 2012.
FOLGUERAL, Mariana Amaral. Rupturas na continuidade histórica e ação política: diálogos entre Hannah Arendt e Walter Benjamin. Trilhas da História, v. 10, n. 18, p. 17-32, 2020.
HABERLEIN, Ann. Arendt: entre o amor e o mal: uma biografia. Trad. Kristin Lie Garrubo. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
KOSELLECK, Reinhart. Prefácio. In: _______________. Futuro passado: contribuições à semântica dos tempos históricos. Trad. Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006a, p. 13-18.
___________________. “Espaço de experiência” e “horizonte de expectativa”: duas categorias históricas. In: ___________________. Futuro passado: contribuições à semântica dos tempos históricos. Trad. Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006b, p. 305-328.
___________________. Estratos do tempo: estudos sobre história. Trad. Markus Hediger. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014.
___________________. Uma história dos conceitos: problemas teóricos e práticos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 134-146, 1992.
KRISTEVA, Julia. O gênio feminino: a vida, a loucura, as palavras. Tomo I Hannah Arendt. Trad. Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
LAFER, Celso. A trajetória de Hannah Arendt. In: ____________. Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2018a, p. 81-96.
____________. Da dignidade da política. In: _____________. Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder. 3. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018b, p. 121-142.
____________. Reflexões de um antigo aluno de Hannah Arendt sobre o conteúdo, a recepção e o legado de sua obra, no 25º aniversário de sua morte. In: MORAES, Eduardo Jardim de.; BIGNOTTO, Newton. (Orgs.). Hannah Arendt: diálogos, reflexões, memórias. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001, p. 11-34.
PADRÓS, Enrique Serra. Os desafios na produção do conhecimento histórico sob a perspectiva do Tempo Presente. Anos 90, Porto Alegre, v. 11, n. 19/20, p. 199-223, 2004.
ROSANVALLON, Pierre. Por uma história filosófica do político. In: _____________. Por uma história do político. Trad. Christian Edward Cyril Lynch. São Paulo: Alameda, 2010, p. 37-64.
SCHITTINO, Renata Torres. Hannah Arendt e o sentido da história. In: BREA, Gerson.; NASCIMENTO, Paulo.; MILOVIC. (Orgs.). Filosofia ou política? Diálogos com Hannah Arendt. São Paulo: Annablume, 2010, p. 185-202.
YOUNG-BRUEHL, Elisabeth. Por amor ao mundo: a vida e a obra de Hannah Arendt. Trad. Antônio Trânsito. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997.