Migração de retorno no nordeste: uma análise sobre preconceito, questões de gênero e relações de trabalho
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi investigar a migração de retorno, no contexto nordestino brasileiro, a fim de conhecer quais as implicações psicosocioambientais desse processo na experiência da pessoa migrante. A pesquisa utilizou abordagem qualitativa exploratória. Para isso, a coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, tendo como base a autobiografia ambiental, focando na história de vida das pessoas. O grupo de participantes foi escolhido tendo como base os seguintes critérios: ter mais de 30 anos, viver numa cidade de porte pequeno, ter vivido em outras regiões do país, diferentes do Nordeste, por pelo menos 1 ano. Ao todo, foram realizadas 9 entrevistas. Os dados foram analisados de forma indutiva, com base na Teoria Fundamentada. Os resultados dialogam com os de outros estudos acerca da experiência migrante, assim como enfatiza as especificidades da experiência da migração de retorno, e da migração interna entre Nordeste e Sudeste. As falas dos participantes permitem ressaltar três categorias relacionadas a essa experiência: xenofobia, questões de gênero e trabalho, além dos paralelos da relação pessoa-ambiente com os territórios de origem e de destino. Dessa forma, o estudo contribui para o debate sobre cidades de pequeno porte e, consequentemente, sobre a atuação da psicologia nesses territórios. Além disso, trata-se de um estudo sobre as vivências de uma migração interna, diferenciando-se da maioria, que foca nas migrações externas.
Downloads
Referências
Albuquerque Júnior, D. M. (2011). A invenção do nordeste e outras artes. Cortez.
Azevedo, A. K. S.,& Dutra, E. M. S. (2019). Era uma vez uma história sem história: pensando o ser mulher no Nordeste. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 14(2), 1-14.
Bizarria, F. P. A., Sousa, I. P. S., Oliveira, M. S., Pinheiro, L. V. S., & Barbosa, F. L. S. (2024). Racismo ambiental na perspectiva psico-socioambiental: exercício analítico no contexto das contribuições de Enrique Leff. Revista Brasileira de Educação Ambiental, 19(9), 126-147. https://doi.org/10.34024/revbea.2024.v19.19376
Brito, M. A. M. & Tsallis, A. C. (2021). Retirâncias: o que nos move pelo mundo? In T. M. Farias, N. Olekzechen, & M. A. M. Brito (Orgs.), Relações pessoa-ambiente na América Latina: perspectivas críticas, territorialidades e resistências (pp. 131-144). Abrapso Editora.
Cacciamali, M. C. (2000). Globalização e processo de informalidade. Economia e Sociedade, (14), 153-174. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643124/10674
Charmaz, K. (2009). A construção da teoria fundamentada: um guia prático para análise qualitativa. Artmed.
ral de Psicologia. (2019). Referências técnicas para atuação das (os) psicólogas (os) em questões relativas a terra. CFP.
Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais. (2024). Guia: migração, refúgio, tráfico de pessoas e subjetividades. CRP-MG.
Elali, G. A., & Pinheiro, J. Q. (2008). Autobiografia ambiental: buscando afetos e cognições da experiência com ambientes. In J. Q. Pinheiro, & H. Günther (Orgs.), Métodos de pesquisa nos estudos pessoa-ambiente (pp. 217-252). Casa do Psicólogo
Facin, D., & Spessatto, M. B. (2007). O preconceito linguístico em tetos de humor: uma piada sem graça. Roteiro, 32(2), 245-264.
Farias, T. M., Gurgel, F. F., Pinheiro, L. V. S., Mascarenhas, G. P., & Diniz, R. F. (2019). Crítica, ambiente e psicologia: aspectos psicossocioambientais e modos de vida no semiárido nordestino. In B. Medrado,& M. M. Teti (Eds.), Problemas, controvérsias e desafios atuais em Psicologia Social(pp. 44-64). Abrapso
Fiorenzano, O. H. C., & Barros, C. R. (2022). Migração e diáspora: breve análise da mobilidade haitiana e suas contribuições para a psicologia. Pretextos, 6(12), 95-111.
Fiuza, A. C., Costa, S. L., & Loureiro, C. F. (2018). Caminhos para uma abordagem psico-socioambiental: contribuições da psicossociologia para as discussões socioambientais. Revista Psicologia Política, 18(41), 42-54.
Gonçalves, A. L. & Otte, H. (2019). O êxodo rural e urbano por uma visão da inovação tecnológica. E-revista LOGO, 9(3), 2238-2542. https://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/eRevistaLOGO/article/view/5314
Gonzaga, M. N. (2021). Experiências de homens trabalhadores braçais do setor da construção civil que migram no interior para a capital Baiana. Revista Novos Olhares Sociais, 4(2), 265-285.
Guedes, G. P., & Monçores, E. (2019). Empregadas domésticas e cuidadoras profissionais: compartilhando as fronteiras da precariedade. Revista Brasileira de Estudos de População, 36, 1-24. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0083
Instituto Brasileiro de Geogradia e Estatística. (2023).Censo demográfico 2022: primeiros resultados – população e domicílios. IBGE. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102011.pdf
Landini, F. (2015). La noción de psicología rural y sus desafíos en el contexto latinoamericano. In F. Landini (Org.), Hacia uma psicologia rural latinoamericana (pp. 21-34). CLACSO.
Lopes, D. M. F. (2010). Cidades pequenas no semiárido: dinâmicas sociodemográficas e marginalização. In D. M. F. Lopes, & W. Henrique (Orgs.), Cidades medias e pequenas: teorias, conceitos e estudo de caso (pp.77-92). SEI.
Mancuso, M. I. R., & Ramiro, P. A. (2010). De volta ao campo: estratégias para se viver a pobreza. Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, 2(2), 1-20. https://doi.org/10.32760/1984-1736/REDD/2010.v2i2.4149
Massola, G. M., & Silva Junior, J. B. de A. (2019). Identidade de lugar e de trabalho entre trabalhadores rurais na fronteira Cotia-Ibiúna (SP). Psicologia & Sociedade, 31, 1-12. https://doi.org/10.1590/1807-0310/2019v31182046
Medeiros, M., & Pinheiro, L. S. (2018). Desigualdades de gênero em tempo de trabalho pago e não pago no Brasil, 2013. Revista Sociedade e Estado, 33(1), 161-187. https://doi.org/10.1590/s0102-699220183301007
Minayo, M. C. S. (2017). Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista Pesquisa Qualitativa, 5(7), 1-12.
Moore, G. (1987). Environment and behavior research in North America: History, developments, and unresolved issues. In D. Stokols, & I. Altman (Eds.), Handbook of environmental psychology (Vol. 2, pp. 1359-1410). Wiley.
Oliveira, B., & Mourthé, C. (2024). Autobiografia ambiental: uma análise qualitativa sobre o comportamento docente no ambiente universitário, segundo conceitos da psicologia ambiental. Arcos Design, 17(2), 515-530. https://doi.org/10.12957/arcosdesign.2024.82171
Oliveira, R. P. & Iriart, J. A. B. (2008). Representações do trabalho entre trabalhadores informais da construção civil. Psicologia em Estudo, 13(3), 437-445.https://doi.org/10.1590/S1413-73722008000300004
Peto, L. C.,& Veríssimo, D. S. (2018). Natureza e processo de trabalho em Marx. Psicologia e sociedade, 30, 1-11. https://doi.org/10.1590/1807-0310/2018v30181276
Pinheiro, J.Q., Elali, G. V. M. A., Gurgel, F. F., Diniz, R. F., Farias, T. M., & Pol, E. (2019). In search of the hyphen: thirty-five years of Environmental Psychology in Rio Grande do Norte. Estudos de Psicologia,24(1), 90-100. https://doi.org/10.22491/1678-4669.20190011
Ramos, V. B. C. (2021). Xenofobia contra nordestinos e nortistas nas escolas: a História como propositora de vivência intercultural [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Goiás].
Rueda, L. I. (1999). Investigación y evaluación cualitativa: bases teóricas y conceptuales. Atención Primaria, 23(8), 496-502. http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/conteudo-2007/T1-1SF/Canrobert/Investiga%E7%E3o_e_evolu%E7%E3o.pdf
Saffioti, H. I. B. (2013). A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. Expressão Popular.
Santos, M. (1978). Pobreza urbana. Edusp.
Santos, M. (1979). Espaço e sociedade. Vozes.
Santos, M. (2000). Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Record.
Santos, M. (2007). O espaço do cidadão. Edusp.
Silva, K. B. & Macêdo, J. P. (2017). Psicologia e ruralidades no Brasil: contribuições para o debate. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(3), 815-830. https://doi.org/10.1590/1982-3703002982016
Silva, R. C. C., & Toledo, M. R. (2023). Ruralidades nas cidades pequenas da região imediata de São João del-Rei/MG. Revista Rural & Urbano, 8(2), 105-125. https://doi.org/10.51359/2525-6092.2023.257239
Sposito, E. S., & Silva, P. F. J. (2013). Cidades pequenas: perspectivas teóricas e transformações sociespaciais. Paco Editorial.
Tassara, E. T. O., Ardans-Bonifacino, H. O., & Oliveira, N. N. (2014). Psicologia socioambiental: uma psicologia social articulando psicologia, educação e ambiente. Revista Latinoamericana de Psicologia, 45( 3), 425-435.
Copyright (c) 2025 Maria Isabel Medeiros Mariz, Fernanda Fernandes Gurgel, Raquel Farias Diniz

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.















