Eventos climáticos extremos e colonialidade climática: saúde e vulnerabilidade dos migrantes internacionais em cenários de seca

Palavras-chave: migrações; colonialismo climático; mudanças climáticas; saúde.

Resumo

O presente estudo, de caráter ensaístico, aborda a relação entre os eventos climáticos extremos e a colonialidade climática, com foco no impacto da seca como impulsionadora de migrações internacionais e nos riscos à saúde aos quais os migrantes estão submetidos em razão do referido evento climático, seja no país de destino ou no país de origem. Para isso, buscou-se informações sobre a situação climática mundial atual e as migrações nas bases de dados de agências e outros entes da Organização das Nações Unidas, a exemplo das agências Organização Internacional para Migrações (IOM), Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (UNHCR), Organização Mundial da Saúde (WHO), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Organização Meteorológica Mundial (WMO), além dos estudos relacionados à Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (CNUCD), ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP),  assim como de bases de dados do Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos (IDMC) e do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Investigou-se nas bases de dados Scielo, Redalyc, Scopus e Science Direct, o impacto da seca na saúde dos migrantes, a relação entre o colonialismo, os eventos climáticos extremos e as migrações internacionais. A partir disso, foram apresentadas considerações e propostas para melhorar as condições de acolhimento e saúde dos migrantes internacionais em cenários de seca, levando-se sempre em conta a dinâmica colonialista que agrava e perpetua as desigualdades decorrentes das mudanças climáticas. Concluiu-se que devem ser criadas políticas públicas que considerem as particularidades dos migrantes, mas também é imprescindível que seja efetuada justiça climática e descolonizadas as relações internacionais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Black, R., Bennett, S. R., Thomas, S. M., & Beddington, J. R. (2011). Climate change: migration as adaptation. Nature, 478(7370), 447-449. https://doi.org/10.1038/478477a

Dadson, Y. A., Bennett-Gayle, D. M., Ramenzoni, V., & Gilmore, E. (2025). Experiences of immigrants during disasters in the US: A systematic literature review. Journal of Immigrant and Minority Health, 27, 134-148. https://doi.org/10.1007/s10903-024-01649-8

Ebi, K. L., & Bowen, K. (2016). Extreme events as sources of health vulnerability: drought as an example. Weather and Climate Extremes, 11, 95-102. https://doi.org/10.1016/j.wace.2015.10.001

European Commission Joint Research Centre,& United Nations Convention to Combat Desertification. (2024). World drought atlas. Publications Office of the European Union.

Food and Agriculture Organization for United Nations. (2023). The impact of disasters on agriculture and food security: avoiding and reducing losses through investment in resilience. FAO.

Gantz, L., Pak-Gorstein, S., Gutierrez, J. R., Noor, Z., & Shah, S. (2024). Immigrant and refugee health curricula in us-based medical training: a scoping review to inform integration into pediatric residency programs.Academic Pediatrics,24(5S), 103-111. https://doi.org/10.1016/j.acap.2023.05.022

Integrated Research on Disaster Risk. (2014). Peril classification and hazard glossary (Data Project report n. 1). https://council.science/wp-content/uploads/2019/12/Peril-Classification-and-Hazard-Glossary-1.pdf

Intergovernmental Panel on Climate Change. (2012). Managing the risks of extreme events and disasters to advance climate change adaptation: aA special report of Working Groups I and II of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press.

Intergovernmental Panel on Climate Change. (2022). Climate change 2022: impacts, adaptation, and vulnerability. Cambridge University Press.

Internal Displacement Monitoring Center. (2023). Global report on internal displacement 2023: Internal displacement and food security. https://shre.ink/oHeg

International Organization for Migration. (2022).Climate change and future human mobility (Issue No. 1, Thematic Brief). https://shre.ink/oQF6

Murray-Tortarolo, G. N., & Salgado, M. M. (2021). Drought as a driver of Mexico-US migration. Climatic Change, 164(48), 48. https://doi.org/10.1007/s10584-021-03030-2

Organização das Nações Unidas. (1948). Declaração universal dos direitos humanos. https://brasil.un.org/pt-br/91601-declaracao-universal-dos-direitos-humanos

Orjuela-Grimm, M., Deschak, C., Gama, C. A. A., Carreño, S. B., Hoyos, L., Mundo, V., Bojorquez, I., Carpio, K., Quero, Y., Xicotencatl, A., & Infante, C. (2022). Migrants on the Move and Food (In)security: a call for research. Journal of Immigrant and Minority Health, 24(5), 1318-1327. https://doi.org/10.1007/s10903-021-01276-7

Parsons, L. (2023). Carbon colonialism: how rich countries export climate breakdown. Manchester University Press.

Romanello, M., Walawender, M., Hsu, S., Moskeland, A., Palmeiro-Silva, Y., Scamman, D., Ali, Z., Ameli, N., Angelova, D., Ayeb-Karlsson, S., Basart, S., Beagley, J., Beggs, P. J., Blanco-Villafuerte, L., Cai, W.,Callaghan, M., Campbell-Lendrum, D., Chambers, J. D., Chicmana-Zapata, D., Chu, L., ... Costello, A. (2024). The 2024 report of the Lancet Countdown on health and climate change: facing record-breaking threats from delayed action. The Lancet, 404, 1847-1896. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(24)01822-1

Smirnov, O., Lahav, G., Orbell, J., Zhang, M., & Xiao, T. (2023). Climate change, drought, and potential environmental migration flows under different policy scenarios. International Migration Review, 57(1), 36-67. https://doi.org/10.1177/01979183221079850

Sobreira, E., Lázaro, W. L., Vitorino, B. D., Frota, A. V. B., Young, C. E. F., Campos, D. V. S., Viana, C. R. S., Oliveira, E., López-Ramirez, L., Souza, A. R., Silva, D. J., Ignotti, E., Hacon, S., Ignácio, A. R. A., Muniz, C. C., Santos Filho, M., & Bogoni, J. A. (2025). Wildfires and their toll on Brazil: who's counting the cost? Perspectives in Ecology and Conservation, 23(3), 214-217. https://doi.org/10.1016/j.pecon.2025.06.003

Sultana, F. (2025). Confronting climate coloniality: decolonizing pathways for climate justice.Routlege.

Trentin, M., Rubini, E., Bahattab, A., Loddo, M., Della Corte, F., Ragazzoni, L., & Valente, M.(2023). Vulnerability of migrant women during disasters: A scoping review of the literature. International Journal for Equity in Health, 22,135. https://doi.org/10.1186/s12939-023-01951-1

United Nations Convention to Combat Desertification. (2022). Study on the differentiated impacts of desertification, land degradation and drought on women and men.UNCCD. https://www.unccd.int/sites/default/files/2022-11/Gender%20study%20.pdf

United Nations Environment Programme, & International Resource Panel. (2024). Global Resources Outlook 2024 - bend the trend: pathways to a liveable planet as resource use spikes. https://wedocs.unep.org/20.500.11822/44901

Vins, H., Bell, J., Saha, S., & Hess, J. J. (2015). The mental health outcomes of drought: a systematic review and causal process diagram. International Journal of Environmental Research and Public Health, 12(10), 13251-13275. https://doi.org/10.3390/ijerph121013251

Walika, M., Moitinho De Almeida, M., Castro Delgado, R., & Arcos González, P. (2023). Outbreaks following natural disasters: a review of the literature.Disaster Medicine and Public Health Preparedness,17, e444. http://doi.org/10.1017/dmp.2023.96

Publicado
2025-11-26
Como Citar
Soares, D. C., & Friedrich, T. S. (2025). Eventos climáticos extremos e colonialidade climática: saúde e vulnerabilidade dos migrantes internacionais em cenários de seca . Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, 47(3), e75948. https://doi.org/10.4025/actascihumansoc.v47i3.75948
Seção
Ciências Humanas