Conflitos antropológico-existenciais e sofrimento humano em sobreviventes da Covid-19 que passaram por internamento na UTI de um hospital público do norte gaúcho
Resumen
Este estudo teve como objetivo investigar os dilemas e conflitos antropológico-existenciais enfrentados por sobreviventes da Covid-19 que estiveram em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em um hospital público no norte do Rio Grande do Sul. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual participaram pacientes sobreviventes da Covid-19 que passaram por Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em um Hospital Público do Norte do Rio Grande do Sul, que repercutiram em sofrimento humano, emergência da consciência da finitude, ocorrência de angústia e crise existencial após a sua internação e passar pela doença. O universo são seis indivíduos que frequentavam o centro de reabilitação pulmonar de uma Universidade do Norte do RS. A adesão foi voluntária. A coleta de dados foi por entrevista. A análise de dados é de conteúdo. O referencial teórico ampara-se em autores como Barros, Marini e Reali (2022), Becker (2022), D’Assumpção (2011), Franco (2021), Gawande (2015), Gadamer (2006), Santos (2021), Santos (2009), Nuland (1995), dentre outros. Os resultados demonstram que houve sofrimento humano intenso. Os entrevistados enfrentaram crise existencial diante da evolução da doença, do desamparo a seus familiares e medo da morte. Expressaram que davam muita importância a cada pequena melhora que ocorria. Sentiram solidão, apegaram-se à espiritualidade como forma de manter a esperança. Revelaram que passaram a ver a vida de outro modo e a valorizar mais as pessoas que fazem parte de sua família. Essa pesquisa indica a necessidade de atentar e ampliar o cuidado para amenizar o sofrimento das pessoas que foram acometidas pela Covid-19.
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Referências
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