Indivíduo e comunidade: a conduta ética em Peirce e Freud
Resumen
Este artigo tem por objetivo abordar as teorias de Peirce e de Freud com o intuito de esclarecer o que denominamos de ‘conduta ética’. Não estabelecemos uma correspondência biunívoca entre ambas as teorias, dado que possuem preocupações e caminhos distintos, mas partimos da concepção de que o indivíduo isolado, encerrado em sua crença dogmática, cujo comportamento neurotizado o define, é fonte da ignorância, em termos da falta de pensar socialmente ou em termos de ignorar a astúcia de seu inconsciente. Para tal, utilizamos os textos do denominado primeiro pragmatismo, dado que a discussão de Peirce possibilita a comparação com o indivíduo problemático em Freud. Em relação ao psicanalista, trabalhamos os textos de suas Obras Completas, selecionados aqueles que se adequavam ao nosso intento, ou seja, que serviam para uma aproximação de dois modos de conceber o indivíduo isolado. Com efeito, para Peirce, o indivíduo deve ceder à opinião da comunidade de seres que pensam através de signos, assumindo, assim, uma atitude lógica, racional, e em conformidade com o método científico. Por sua vez, o foco na psicanálise conduz nossa atenção para o indivíduo improdutivo, incapaz de assumir uma atitude madura, orientando-se pelo princípio de realidade. Em suma, trata-se do indivíduo preso nas teias do desenvolvimento da libido no estágio pré-genital e sem a superação do complexo de édipo, superação que o tornaria pronto para existir como pessoa, agindo conforme o princípio de realidade e conhecendo suas limitações.
Descargas
Citas
Referências
Apel, K-O. (1982). C. S. Peirce and the post-tarskian problem of an adequate explication of the meaning of truth: towards a transcendental-pragmatic theoria of truth, part II. Transactions of Charles S. Peirce Society, 18(1), 3-17.
Apel, K-O. (1985). De Kant a Peirce: la Transformación semiótica de la lógica trascendental. In K-O Apel, La transformación de la filosofia: el a priori de la comunidade de comunicación (Tomo II, p. 149-208). Madrid. ES: Taurus.
Crelier, A. (2007). Los aspectos éticos de la comunidad en Charles S. Peirce. Ideas y Valores, 56(134), 1-10.
DeMarco, J. P. (1971). Peirce’s concept of community: Its development & change. Transactions of the Charles S. Peirce Society, 7(1), 24-36.
Freud, S. (1987a). A interpretação de sonhos. In S. Freud, Edição standart brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. IV). Rio de Janeiro, RJ: Imago.
Freud, S. (1987b). A interpretação de sonhos. In S. Freud, Edição standart das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. V). Rio de Janeiro, RJ: Imago.
Freud, S. (1988a). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In S. Freud, Edição standart das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. VII, p. 117-229). Rio de Janeiro, RJ: Imago.
Freud, S. (1988b). Atos obsessivos e práticas religiosas. In S. Freud, Edição standart das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. IX, p. 105-117). Rio de Janeiro, RJ: Imago.
Freud, S. (1988c). Caráter e erotismo anal. In S., Freud, Edição standart das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. IX, p. 155-164). Rio de Janeiro, RJ: Imago.
Freud, S. (1988d). Moral sexual ‘civilizada’ e doença moderna. In S. Freud, Edição standart das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad, Vol. IX, p. 165-186). Rio de Janeiro, RJ: Imago.
Freud, S. (1995). O interesse científico da psicanálise. In S. Freud, Edição standart das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. XIII, p. 165-192). Rio de Janeiro. RJ: Imago.
Fromm, E. (1969). Ética e psicanálise. Lisboa, PT: Editorial Minotauro.
Haack, S. (1982). Descartes, Peirce and the cognitive community. The Monist, 65(2), 156-181. DOI: https://doi.org/10.5840/monist198265214.
Haack, S. (2001). Viejo y nuevo pragmatismo. Diánoia, XLVI(47), 21-59.
Ibri, I. A. (1992). Kósmos Noétos: a arquitetura metafísica de Charles S. Peirce. São Paulo, SP: Perspectiva/Hólon.
Ibri, I. A. (2020). O crepúsculo da realidade e a ironia melancólica do sucesso brilhante e duradouro: reflexões sobre os interpretantes emocionais e lógicos nos modos peircianos de fixação das crenças. In: I. A. Ibri, Semiótica e pragmatismo – interfaces teóricas (Vol. 1,p. 231-144). Marília, SP: Oficina Literária/São Paulo: Cultura Acadêmica/FiloCazar.
Laplanche, J., & Pontalis, J. B. (2001). Vocabulário da psicanálise. São Paulo, SP: Martins Fontes.
Liszka, J. (1978). Community in C. S. Peirce: science as means and as an end. Transactions of the Charles S. Peirce Society, 14(4), 305-321.
Misak, C. J. (1991). Truth and the end of inquiry: a peircean account of truth. New York, NY: Oxford University Press.
Murphey, M. G. (1961). The development of Peirce’s philosophy. Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1866). Consciousness. In P. Weiss. (Ed.). Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. VII, p. 313-358). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1867). On a New List of Categories. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. I, p. 287-305). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1868a). Questions Concerning Certain Faculties Claimed for Man. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. V, p. 135-155). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1868b). Some Consequences of Four Incapacities. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. V, p. 156-189). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1868c). Grounds of Validity of the Laws of Logic: Further Consequences of Four Incapacities. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. V, p. 190-222). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. Fraser’s Edition of the Works of George Berkeley. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. VIII, p. 9-38). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1877). The Fixation of Belief. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. V, p. 223-247). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1878a). The Doctrine of Chances. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. II, p. 389-414). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1878b). How to Make our Ideas Clear. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. V, p. 248-271). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1894/1895) The categories in detail. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. I, p. 148-180). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Peirce, C. S. (1897) Notes on Scientific Philosophy. In C. Hartshorne & P. Weiss (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Vol. I, p. 59-72). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Potter, V. G. (1997). Charles S. Peirce: on norms and ideals. New York, NY: Fordham University Press.
Santaella, L. (1992). A assinatura das coisas: Peirce e a literatura. Rio de Janeiro, RJ: Imago.
Silveira, L. F. B. (2014). Pensamento científico e experiência cotidiana: uma leitura de Charles Sanders Peirce. In L. F. B. Silveira, Incursões semióticas (p. 157-167). Campinas, SP: Unicamp.
Silveira, L. F. B. (2007). Curso de semiótica geral. São Paulo, SP: Quartier Latin.
Souza, R. J. A. (2013). Neurótico obsessivo entre o mal constitutivo e a moral civilizatória. Estudos de Psicanálise, 1(39), 1-06.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.