Paradoxos das políticas identitárias: (des)racialização como estratégia quilombista do comum

Palavras-chave: identidade; racismo; branquitude; comum; decolonial.

Resumo

Este artigo parte do pressuposto que as políticas identitárias serão necessárias até quando as desigualdades sociais estiverem relacionadas à algumas identidades. Contudo, a noção de identidade tem sido criticada ao longo dos anos pelo pensamento europeu que analisa o Estado Moderno Capitalista, em campos do saber como filosofia, psicologia e psicanálise. Este saber crítico foi importado colonialmente para o Brasil, fazendo com que as pautas identitárias dos movimentos sociais negros, muitas vezes, sejam desconsideradas por esses campos, posição confortável porque mantém o status quo da branquitude brasileira. Esse artigo apresenta algumas contribuições para a formulação de um sistema-mundo onde a raça não sustentará as desigualdades sociais. Para tanto, contraditoriamente será necessário racializar àqueles que se entendem modelo universal de humanidade. Por meio de revisão de literatura, discutimos a cosmologia do privado (com base nos mitos de origem europeus, com ênfase no mito do contrato-social e o mito do capital inicial), e apresentamos a proposta/resposta de sociedade individualista, acumulativa e egoísta forjada por essa cosmologia. Como revés a essa lógica de mundo, propomos uma cosmologia do comum (com base nos mitos Yorubás, em destaque a tríade Emì, Ofò, Asé) no combate do primado da razão colonial, enquanto perspectiva filosófica que preserva a espiritualidade e, acima de tudo, sustenta uma proposta política aquilombada de civilização.  

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Publicado
2020-12-15
Como Citar
Souza, T. de P., Damico, J. G., & David, E. de C. (2020). Paradoxos das políticas identitárias: (des)racialização como estratégia quilombista do comum . Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, 42(3), e56465. https://doi.org/10.4025/actascihumansoc.v42i3.56465
Seção
Ciências Sociais