Sobre as palavras e outros destroços: o artifício do excesso na narrativa de Ana Margarida de Carvalho

Palavras-chave: Literatura Portuguesa Hipercontemporânea, Tipologias narrativas, Narrador, Excessivo, Não se pode morar nos olhos de um gato.

Resumo

Um assombroso exercício narrativo é proposto em Não se pode morar nos olhos de um gato, de Ana Margarida de Carvalho, texto que mergulha num Brasil do final do século XIX, em meio a suas contradições sociais, pós-abolição da escravatura. A obra apresenta um projeto narrativo com duas construções bastante distintas, ainda que complementares, imbricadas ao espaço diegético que ocupam: uma nau clandestina que naufraga na costa do Brasil e uma minúscula praia, que desaparece conforme o movimento das marés, espaço de sobrevivência dos poucos que se salvam no acidente. Neste artigo, investigo o pendor ao excesso – aliás, uma das marcas da literatura portuguesa – edificado pelas vozes narrativas e seu processo gradual de desvelamento, num intrincado jogo textual de recuos e avanços, que mostra e esconde, tal qual o mar, elemento onipresente do texto, a partir do capítulo inicial, dentro da nau, e do segundo capítulo, que já mergulha nas consequências do naufrágio e apresenta a personagem Nunzio. Os dois capítulos são exemplares numa configuração que extrapola as tipologias narrativas clássicas e exigem novos olhares da narratologia. Contrariando as máximas da economia narrativa e do menos é mais, Não se pode morar nos olhos de um gato, de Ana Margarida de Carvalho, é um exercício do excesso e do abundante.

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Publicado
2020-03-03
Como Citar
Angelini, P. R. K. (2020). Sobre as palavras e outros destroços: o artifício do excesso na narrativa de Ana Margarida de Carvalho. Acta Scientiarum. Language and Culture, 42(1), e48530. https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v42i1.48530
Seção
Literatura

 

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