Vozes escreviventes: Conceição Evaristo e Roberta Tavares
Resumo
A poesia negra feminina brasileira instiga reflexões sobre a revisão das práticas de dominação amparadas pela colonialidade, por meio da reconfiguração de imaginários e identidades. Desse modo, o presente artigo analisa como Conceição Evaristo (região Sudeste), Roberta Tavares (região Norte), a partir de suas vozes, do espaço, da memória e do corpo negro, conseguem, de maneira poética, criar caminhos de insurgência que ressignificam a identidade racial e promovem uma virada decolonial face aos discursos hegemônicos, nas obras Poemas da recordação e outros movimentos, de 2008, e Mulheres de fogo, de 2023. Destaca-se a importância de discutir a poesia negra brasileira como resposta epistêmica ao projeto eurocêntrico colonial. As vozes dessas autoras negras insurgem-se contra o racismo, o patriarcado e o apagamento de suas origens étnico-raciais. Os textos marcam vozes poéticas que revelam como a escrita literária representa uma outra poética, que não se submete à de uma literatura considerada canônica, porque têm o seu próprio cânone e suas próprias regras. Em geral, essa literatura implica em uma outra forma de escrever. Nesse sentido, é importante investigar que poética é essa, bem como os textos dessas escritoras, que são uma voz na literatura brasileira que obriga outros autores brasileiros a repensarem suas produções. As discussões teóricas significativas para a análise e compreensão do corpus vêm de Duarte (2011), Said, (2011) e Ricouer (2007), entre outras. Esta reflexão se propõe a pensar sobre as rasuras como formadoras de um discurso estético-político, marcado por questões étnico-raciais que revelam o lugar de pertencimento dessas escritoras. A produção poética das escritoras mencionadas nos brinda com a oportunidade de considerar o pensamento decolonial enquanto enfrentamento, convocando para uma transformação política e social.
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Referências
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