Os demônios elétricos de Alejo Carpentier e as origens do real maravilhoso
Resumo
Este artigo examina um conto de Alejo Carpentier, ‘El milagro del ascensor (Cuento para un apéndice a la ‘Leyenda Áurea’)’, para discutir por meio dele elementos que constituiriam, em obras posteriores, o realismo maravilhoso da nova narrativa latino-americana. Encontramos principalmente uma reescrita, sob a ironia moderna, do discurso barroco, assim como um uso ressignificado da alegoria como modo de expressão, além de uma dialética entre o local e o estrangeiro que busca sua síntese em um projeto de identidade cultural mestiça e de um maravilhoso que se baseia na ubiquidade de um cristianismo sincrético, absorvido como estética literária – aspectos que afetam a própria expressão verbal do tempo e do espaço na narração, além da relação, concebida como ativamente responsiva, entre o discurso do narrador e da personagem. Recorremos à própria definição de real maravilhoso criada por Carpentier em 1949, assim como à discussão de Walter Benjamin sobre a alegoria no drama barroco alemão e às definições dadas por Bakhtin para a ironia moderna e o valor cultural da palavra estrangeira; tais definições teóricas são então mediadas pelos estudos de Doris Sommer, Luis Ernesto Lasso e Irlemar Chiampi, que identificam nas literaturas da América Latina a prevalência de um discurso barroco e alegórico.
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Referências
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