Uma tipologia para as construções finais no português
Resumo
Este artigo propõe uma tipologia para as construções finais do português tendo por base os princípios teórico-metodológicos da Gramática Discursivo-Funcional (Hengeveld & Mackenzie, 2008), centralmente seu modelo gramatical hierarquicamente estratificado em níveis e camadas. A tipologia a ser aqui proposta parte de uma descrição que busca alinhar propriedades funcionais e formais subjacentes aos diferentes usos das construções finais em português: por propriedades funcionais, são considerados aspectos da formulação dessas construções (como nível e camada de atuação da construção final); já por propriedades formais, são tomadas questões relativas à sua codificação morfossintática (como a camada de codificação da construção final). Para tanto, são revisitados alguns trabalhos anteriormente desenvolvidos, como os de Dias (2001), Antonio (2011), Neves (2011), Fontes (2016) e Moreira (2022), e também são utilizadas ocorrências reais de uso dessas construções extraídas do Corpus do Português, na modalidade Web/Dialetos (Davies & Ferreira, 2016). Como resultados, reconhecem-se cinco tipos de construções finais, duas do Nível Representacional, as eventivas e as epistêmicas, e três do Nível Interpessoal, as de motivação, as de orientação e as modificadoras interpessoais. Esses diferentes tipos de construções finais, distinguidos conforme as camadas dos níveis Interpessoal e Representacional, são codificados, em termos morfossintáticos, em diferentes padrões de combinação de orações: enquanto as construções finais representacionais são casos de subordinação, as construções finais interpessoais são casos ou de cossubordinação ou de extraoracionalidade.
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Referências
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