‘Dela não encontro traço’: a poética da ausência em Giorgio Caproni
Resumo
O ensaio ‘‘Dela não encontro traço’: a poética da ausência em Giorgio Caproni’ investiga as articulações entre coisa perdida, objeto, traço e apagamento na obra poética do escritor italiano. Para isso, vale-se de alguns poemas extraídos dos livros O muro da terra, O franco caçador e Res amissa, traduzidos para o português e reunidos no livro A coisa perdida: Agamben comenta Caproni, além de um poema presente no livro Congedo del viaggiatore cerimonioso & altre prosopopee. Para delimitar o lugar da perda e o modo como se articulam apagamento e duração de traços, ausência de coisa e palavra poética, recorre-se ao pensamento freudiano do bloco mágico, em que o psicanalista propõe uma analogia entre o mecanismo psíquico da memória e um dispositivo de escrita. A seguir, articulam-se teorias de Maurice Blanchot a respeito da imagem poética aos poemas de Caproni, a fim de se indicar a duplicidade da imagem como elemento de conservação e apagamento do que se nomeia no poema. Por fim, a partir do pensamento de Giorgio Agamben sobre a relação entre nomeação e poesia, explicita-se o que na escrita poética de Caproni se constrói a partir da coisa perdida: a transformação do dizer em estado de perda em poema como potência de criação afirmada, sem que se exclua qualquer negatividade estruturante da palavra poética.
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Referências
Agamben, G. (2007). Estâncias – a palavra e o fantasma na cultura ocidental (S. J. Assmann, Trad.). UFMG.
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Caproni, G. (2011). A coisa perdida: Agamben comenta Caproni (A. F. Bernardini, Org. & Trad.). UFSC.
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O que resta? Notas de Giorgio Agamben. (2017). Flanagens. https://www.ihu.unisinos.br/categorias/186-noticias-2017/568686-o-que-resta-giorgio-agamben
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