Uma instituição funesta: a criação jurídica francesa do estado de sítio (1791-1815).
Resumo
O estado de sítio como instituição é uma criação jurídica francesa do final do século XVIII e está no campo das medidas de exceção no enfrentamento de crises, a qual remete aos mais diversos contextos históricos e jurídicos. Com a normatização francesa, a medida reafirmou o sentido transitório do instituto, pois o estado de sítio flerta com o autoritarismo ao hipertrofiar o poder no Executivo e permitir medidas de repressão mais severas. Neste artigo trabalharemos com fontes francesas para elucidar o processo de criação de um instituto que ganharia grande repercussão em outras legislações. No decorrer do texto, verificaremos os processos que induziram a sua normatização na França, assim como a sua transposição de uma noção militar de campo de batalha para uma noção fictícia aplicada em contexto político.
Downloads
Referências
Fontes primárias
FRANCE. Acte additionnel aux Constituitons de l’Empire (1815). Disponível em: https://bit.ly/3dqxKjY.
FRANCE. Constitution (22 frimaire an VIII). Constitution du Consulat. Disponível em: https://bit.ly/3fP98CR.
FRANCE. Constitution (1814). Charte de 1814. Disponível em: https://bit.ly/2NjhlTM.
FRANCE. Décret du 24 décembre 1811. Relatif à l’organisation et au service des état-majors de places. Disponível em: https://bit.ly/2VcIegi.
FRANCE. Décret du 26 mai 1792. Relatif aux places et postes militaires à mettre en état de guerre. Disponível em: https://bit.ly/3drGkii.
FRANCE. Loi du 10 fructidor an V. Déterminant la manière dont les communes de l’intérieur de la République pourront être mises en état de guerre ou de siège. Disponível em: https://bit.ly/2BALR9a.
FRANCE. Loi du 19 fructidor an V. Contenant des mesures de salut public prises relativement à la conspiration royale. Disponível em: https://bit.ly/37QO4cy.
FRANCE. Loi du 10 juillet 1791. Concernant la conservation et le classement des places de guerre et postes militaires, la police des fortifications et autres objets y relatifs. Disponível em: https://bit.ly/2YvaCg1.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. São Paulo: Boitempo, 2004.
BARTOLOMEU, Danieli di. Fatal Attraction. The Classical Past at the Beginning of the French Revolutionary Republic (1792-1793). In: Revista de História Constitucional, nº 16, 2015.
CHÉNIER, Louis-Joseph-Gabriel de. De l’État de Siège, de Son Utilité et de Ses Effets. Paris: Librairie Militaire de J. Dumaine, 1849.
DANLEY, M. & SPEELMAN, P. (Org). The Seven Year’s War: global views. Leiden: Brill, 2012.
FEREJOHN, John & PASQUINO, Pasquale. The Law of the Exception: a typology of emergency powers. In: I-CON, v. 2, n. 2, 2004.
GONZÁLEZ, Eric Eduardo Palma. El Estado de Sitio en las Cortes de Cádiz y el Trienio Liberal. In: IH, 21, 2001.
GOUBERT, Pierre. Initiation à l’Histoire de la France. Paris: Pluriel, 2013.
HILAIRE, Jean. Histoire du Droit: introduction historique au droit et histoire des institutions publiques. Paris: Dalloz, 2007.
HOBSBAWM, Eric J. A Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
LE GAL, Sébastien. Origines de l’État de Siège en France. Thèse de Doctorat (Droit), Université Jean Moulin – Lyon 3, 2011.
LE GAL, Sébastien. Réprimer les “Villes en Ébullition”. Les recours aux legislations d’exception en France (XVIII-XX siècle). In: BERGEL, Pierre & MILLIOT, Vincent (Orgs.). La Ville en Ébulittion: sociétés urbaines à l’épreuve. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2014.
LURIE, Guy. Medieval Emergencies and the Contemporary Debate. In: Athens Journal of Law, v. 1, n. 1, January 2015.
MARI, Éric de. La Mise Hors de la Loi sous la Révolution Française (19 mars 1793 – An III). Paris: Lextenso Éditions, 2015.
MELÉNDEZ, Florentín. Los Derechos Fundamentales en los Estados de Excepción Según el Derecho internacional de los Derechos Humanos. Tesis Doctoral (Derecho), Universidad Complutense, Madrid, 1997.
PIERRÉ-CAPS, Alexandra. L’État d’Exception Dans la Rome Antique. In: Civitas Europa, n. 37, 2016.
REINACH, Théodore. De l’État de Siège: étude historique et juridique. Paris: Librarie Cotillon, 1885.
ROMAIN, Paul. L’État de Siège Politique. Thèse de Doctorat (Droit). Toulouse: Imprimerie des Orphelins-Apprentis, 1918.
SAINT-BONNET, François. L’État d’Exception. Paris: PUF, 2001.
SANTOS, Moacyr Amaral. O Estado de Emergência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1981.
SCHMITT, Carl. La Dictadura. Madrid: Revista de Ocidente, 1968.
SOBOUL, Albert. A Revolução Francesa. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007.
TAVARES, Marcelo Leonardo. Estado de Emergência: o controle do poder em situações de crise. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2008.
Copyright (c) 2022 Diálogos

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade. Declaro, ainda, que uma vez publicado na revista DIÁLOGOS, editada pela Universidade Estadual de Maringá, o mesmo jamais será submetido por mim ou por qualquer um dos demais co-autores a qualquer outro periódico. Através deste instrumento, em meu nome e em nome dos demais co-autores, porventura existentes, cedo os direitos autorais do referido artigo à Universidade Estadual de Maringá e declaro estar ciente de que a não observância deste compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorias (N. 9609, de 19/02/98).
STATEMENT OF ORIGINALITY AND COPYRIGHT CESSION
I declare that the present article is original, has not been submitted for publishing on any other national or international journal, neither partly nor fully. I further declare that, once published on DIÁLOGOS journal, edited by the State University of Maringá, it will never be submitted by me or by any of the other co-authors to another journal. By means of this instrument, on my behalf and on behalf of the other co-authors, if any, I waive the copyright of said article to the State University of Maringá and declare that I am aware that non-compliance with this commitment will subject the violator to sanctions and penalties set forth in the Copyright Protection Law (No 9609, of 19/02/98).