Tanto resistência quanto rendição: raça, escravidão e pós-emancipação nas religiões de matriz africana.
Resumo
Este trabalho pretende apresentar algumas perspectivas sobre certas práticas da umbanda e do candomblé que sugerem formas de memória da escravidão e de como esta é percebida pelos adeptos destas religiões. Nosso pressuposto é de que a memória é socialmente construída e os agentes sociais se apropriam destas construções no sentido de orientar suas ações ou discursos sobre o passado e o presente. Na umbanda, o culto aos “pretos-velhos” propõe uma forma específica de memorizar a escravidão, apontando para as formas de submissão e violência, além das inscrições corporais da escravidão, presentes na possessão pelas entidades denominadas “pretas e pretos-velhos”. No candomblé, temos a escravidão como uma espécie de vácuo ou lacuna histórica, vista como etapa necessária da iniciação. A escravidão é rememorada para ser esquecida, como um estado de privação dos sentidos, que serão retomados com a complementação da iniciação.
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