“Incessantes desgostos vinham todos os dias aumentar os meus sofrimentos”: as disputas entre um médico ofendido e o presidente da Província de Pernambuco (1856).
Abstract
O artigo tem por objetivo apresentar os conflitos que envolveram o médico Joaquim de Aquino Fonseca e José Bento da Cunha Figueiredo, presidente da Província de Pernambuco. Em meio a uma grave epidemia de cólera, em 1856, as duas autoridades se indispuseram ao ponto da Comissão de Higiene Pública pedir afastamento coletivo. O artigo tem por base um manuscrito, de cinquenta e duas páginas, aparentemente ainda não explorado pela historiografia, no qual Aquino Fonseca – falando ao Ministro dos Negócio do Império, Luiz Pedreira do Couto Ferraz – desferiu vinte e quatro acusações ao chefe do executivo provincial, dando a entender que Figueiredo atuou contra os ordenamentos sanitários imperiais, atentando contra a salubridade pública, a autoridade dos médicos e favorecendo a ação de charlatões durante a crise epidêmica. Por meio do artigo, é possível perceber as tensões decorrentes dos projetos higienistas no oitocentos.
Downloads
Literaturhinweise
Fontes
Arquivo Nacional do Rio de Janeiro
FERRAZ, Luís Pedreira do Couto. Carta de Luís Pedreira do Couto Ferraz a José Bento da Cunha Figueiredo. Rio de Janeiro, 8 mar. 1856. Doc. 33. Fundo Visconde do Bom Conselho.
FONSECA, Joaquim de Aquino. Carta do Dr. Joaquim d’Aquino Fonseca ao Ministro dos Negócios do Império, Luiz Pedreira de Couto Ferraz. Recife, 23 fev. 1856. Notação IS4-25. Fundo Saúde Pública.
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional
Diário de Pernambuco (Recife).
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro).
Instituto Arqueológico, histórico e Geográfico de Pernambuco
ALEXANDRE, Jucieldo Ferreira. A peste serve a qual partido?: disputas políticas e epidemia do cólera (Ceará, 1862-1863). Tese (Doutorado em História). Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.
ARAÚJO, José Tomás Nabuco de. Carta de José Tomás Nabuco de Araújo ao Visconde de Camaragibe, Rio de Janeiro, 19 de setembro de 1856. Caixa 1. Fundo Visconde de Camaragibe.
CAMPOS, Pinto de Campos. Carta do Padre Pinto de Campos ao Visconde de Camaragibe, Rio de Janeiro, 5 jun. 1854. Caixa 1. Fundo Visconde de Camaragibe.
CAMPOS, Pinto de Campos. Carta de Joaquim Pinto de Campos ao Visconde de Camaragibe, Rio de Janeiro. 10 ago. 1856. Caixa 1. Fundo Visconde de Camaragibe.
CAMPOS, Pinto de Campos. Carta de José Bento da Cunha Figueiredo ao Visconde de Camaragibe, Rio de Janeiro, 13 set. 1856. Caixa 1. Fundo Visconde de Camaragibe.
Relatórios dos Presidentes de Província
FIGUEIREDO, José Bento da Cunha. Relatório que à Assembleia legislativa provincial de Pernambuco apresentou no dia da abertura da sessão ordinária de 1856 o Exm. Sr. conselheiro Dr. José Bento da Cunha Figueiredo presidente da mesma província. Recife: Tipografia de M. F. de Faria, 1856. Disponível no site: http://ddsnext.crl.edu/titles/180#?c=0&m=24&s=0&cv=132&r=0&xywh=65%2C1085%2C1460%2C1030. Acesso a 27 abr. 2021.
Bibliografia
ANNAES DO PARLAMENTO BRAZILEIRO. Câmara dos Senhores Deputados. Segundo Anno da Nona Legislatura. Sessão de 1854. Tomo Terceiro. Rio de Janeiro: Typographia de Hyppolito José Pinto, 1876.
ANDRADE, Gilberto Osório de. A cólera-morbo: um momento crítico da história da medicina de Pernambuco. 2ª ed. Recife: FUNDAJ/Editora Massangana, 1986.
ARRAIS, Raimundo. O pântano e o riacho: a formação do espaço público no Recife do século XIX. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2004.
BARBOSA, Plácido; REZENDE, Cássio Barbosa de. Os serviços de saúde pública no Brasil, especialmente na cidade do Rio de Janeiro de 1808 a 1907: esboço histórico e legislação. Vol. I. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 1909, p. 64. Disponível no site: https://www.obrasraras.fiocruz.br/media.details.php?mediaID=243. Acesso a 20 ago. 2021.
BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Dicionário bibliográfico brasileiro. Vol. 4. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1898.
CAMPELLO, Netto. História Parlamentar de Pernambuco. Recife: Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco, 1979.
CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de; CADENA, Paulo Henrique Fontes. A política como “arte de matar a vergonha”: o desembarque de Sirinhaém em 1855 e os últimos anos do tráfico para o Brasil. Topoi. Rio de Janeiro, v. 20, n. 42, p. 651-677, set/dez. 2019 Disponível no site: http://www.scielo.br/pdf/topoi/v20n42/2237-101X-topoi-20-42-651.pdf. Acesso a 28 nov. 2019.
CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão. Diccionario de medicina popular e das sciencias accessorias para uso das famílias. 6ª ed. Paris, Editores A. Roger & F. Chernoviz, 1890.
DINIZ, Ariosvaldo da Silva. As artes de curar nos tempos do cólera: Recife, 1856. In. CHALHOUB, Sidney et al. Artes e ofícios de curar no Brasil. Campinas: Editora Unicamp, 2003, p.331-385.
FREYRE, Gilberto. Sobrados e mocambos. 15ª ed. São Paulo: Global, 2004.
FARIAS, Rosilene Gomes. O Khamsin do deserto: cólera e cotidiano no Recife (1856). Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.
FERREIRA, Luiz Otávio. Medicina impopular: ciência médica e medicina popular nas páginas dos periódicos científicos (1830-1840). In: CHALHOUB, Sidney et al. (Org’s.). Artes e Ofícios de curar no Brasil. Campinas / SP: Ed. da Unicamp, 2003, p. 101-122.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Organização e tradução: Roberto Machado. 21ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005.
JAVARI, Barão de. Organizações e programas ministeriais. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1889.
KODAMA, Kaori et al. Mortalidade escrava durante a epidemia de cólera no Rio de Janeiro (1855-1856). História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, v. 19, supl., p. 59-79, dez. 2012. Disponível no site: http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v19s1/05.pdf. Acesso a 15 ago. 2018.
LIMA, Tania Andrade.Humores e odores: ordem corporal e ordem social no Rio de Janeiro, século XIX. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, II (3). Nov.1995 - Fev. 1996.
MARTINS, Henrique. Lista Geral dos Bachareis e Doutores que tem obtido o respectivo grau na Faculdade de Direito do Recife desde sua fundação em Olinda, no anno de 1828, até o anno de 1931. Recife: Typographia Diário da Manhã, 1931.
MIRANDA, Carlos Alberto Cunha. Os curandeiros e a ofensiva médica em Pernambuco na primeira metade do século XIX. Clio: Revista de Pesquisa Histórica. N. 19, p. 95-110, Recife, 2001.
PEDROSA, Manuel Xavier de Vasconcelos. A cólera-morbo e a Ordem da Rosa. Anais do Congresso de História do 2º Reinado (1975) - Comissão de História Política e Administrativa. Vol. 2. Rio de Janeiro: IGHB, 1984, p. 143-168.
PIMENTA, Tânia Salgado. O exercício das artes de curar no Rio de Janeiro (1828 a 1855). Tese (Doutorado em História). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
PORTER, Roy. Das tripas coração: uma breve história da medicina. Tradução: Vera Ribeiro. São Paulo: Record, 2004.
REIS, João José; GOMES, Flavio dos Santos; CARVALHO, Marcus J. M. de. O alufá
Rufino: tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico Negro (c. 1822-c. 1853). São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SIAL, Vanessa Viviane de Castro. Das igrejas ao cemitério: políticas públicas sobre a morte no Recife do século XIX. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.
Copyright (c) 2021 Diálogos

Dieses Werk steht unter der Lizenz Creative Commons Namensnennung - Nicht-kommerziell 4.0 International.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade. Declaro, ainda, que uma vez publicado na revista DIÁLOGOS, editada pela Universidade Estadual de Maringá, o mesmo jamais será submetido por mim ou por qualquer um dos demais co-autores a qualquer outro periódico. Através deste instrumento, em meu nome e em nome dos demais co-autores, porventura existentes, cedo os direitos autorais do referido artigo à Universidade Estadual de Maringá e declaro estar ciente de que a não observância deste compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorias (N. 9609, de 19/02/98).
STATEMENT OF ORIGINALITY AND COPYRIGHT CESSION
I declare that the present article is original, has not been submitted for publishing on any other national or international journal, neither partly nor fully. I further declare that, once published on DIÁLOGOS journal, edited by the State University of Maringá, it will never be submitted by me or by any of the other co-authors to another journal. By means of this instrument, on my behalf and on behalf of the other co-authors, if any, I waive the copyright of said article to the State University of Maringá and declare that I am aware that non-compliance with this commitment will subject the violator to sanctions and penalties set forth in the Copyright Protection Law (No 9609, of 19/02/98).