Motivos religiosos do sedentarismo primitivo em Vico e das migrações dos indígenas Apapocúva-Guarani segundo Nimuendaju

  • Vladimir Chaves dos Santos Universidade Estadual de Maringá (UEM). Maringá-PR, BR

Résumé

Este estudo comparativo visa chamar a atenção para a atualidade da filosofia da mitologia de Vico e pretende mostrar como o filósofo do século XVIII parte da concepção materialista da cultura dos povos, fundada na dimensão econômica da sobrevivência e da utilidade pessoal, para justificar justamente o contrário, recorrendo à explicação de que motivações imateriais e até mesmo contrárias e adversas à sobrevivência individual, espirituais e religiosas, estão no fundamento da sociedade e da economia dos povos em geral. Essa perspectiva de compreensão da cultura e da mitologia, que explora a tópica do heroísmo e da religião como fundamento da sociedade, pode ser reforçada pela obra do etnólogo e indigenista Curt Nimuendaju, que estudou a fundo diversas tribos de indígenas brasileiros, tendo sido adotado pelos Apapocúva-Guarani. Embora divergentes quanto à função e importância do sedentarismo e das migrações para a cultura dos povos, ambos os autores atribuem à religião o fundamento da explicação desses comportamentos.

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Biographie de l'auteur

Vladimir Chaves dos Santos, Universidade Estadual de Maringá (UEM). Maringá-PR, BR

Possui graduação (1998), mestrado (2002) e doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (2009). É professor adjunto da Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: filosofia de Giambattista Vico, tradição da retórica, filosofia da ciência em Bacon. Atualmente, pesquisa temas ligados à filosofia da história, principalmente na antiguidade, mais especificamente em Platão.

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Publiée
2023-03-14
Comment citer
Santos, V. C. dos. (2023). Motivos religiosos do sedentarismo primitivo em Vico e das migrações dos indígenas Apapocúva-Guarani segundo Nimuendaju. Dialogos, 26(3), 115-137. https://doi.org/10.4025/dialogos.v26i3.63090