Relações entre desempenho econômico-financeiro e variáveis socioeconômicas em cenários de crise: um estudo no setor bancário brasileiro
Resumo
Objetivo: analisar a relação entre o desempenho econômico-financeiro e operacional das instituições bancárias listadas na B3 S.A. – Brasil, Bolsa e Balcão e as variáveis socioeconômicas.
Método: trata-se de pesquisa quantitativa e documental com amostra composta por 15 bancos, totalizando 390 observações trimestrais para o período de 1T2015 a 2T2021. Para o alcance do objetivo, aplicaram-se um painel balanceado e o teste de Wilcoxon. As variáveis socioeconômicas foram: dívida interna líquida (DIL), inflação (Índice Geral de Preço - Mercado [IGP-M]), taxa de desocupação (Desoc), Produto Interno Bruto (PIB) e número de óbitos decorrentes da Covid-19. Além disso, utilizou-se o ativo para controle do tamanho dos bancos.
Originalidade/Relevância: o estudo é relevante em virtude da função de agente intermediário que os bancos exercem na economia brasileira. Com isso, identificar as variáveis exógenas que influenciam os indicadores de desempenho, bem como conhecer a performance dessas instituições no período antes e durante a pandemia Covid-19, gera informações úteis para nortear as tomadas de decisões dos stakeholders.
Resultados: o ambiente socioeconômico afetou a rentabilidade das instituições bancárias, mais acentuadamente, daquelas que apresentam baixo nível de governança corporativa. As variáveis exógenas: Dívida Interna Líquida, inflação e taxa de desocupação afetaram significativamente a lucratividade, a rentabilidade e a dependência de capital de terceiros. A pandemia, tendo como proxy o número de óbitos por Covid-19, apresentou relação com encaixe voluntário, lucratividade e rentabilidade. O teste de média indicou que a pandemia provocou perda de rentabilidade, maior dependência de capital de terceiros, redução de liquidez e menor capacidade em gerar receitas por meio dos depósitos.
Contribuições teóricas/metodológicas: este estudo contribui com a literatura ao evidenciar que os indicadores contábeis e operacionais dos bancos sofrem influência do ambiente socioeconômico, além de evidenciar que eles apresentaram desempenhos menos expressivos no período de pandemia.
Downloads
Referências
Akinwande, M. O., Dikko, H. G., & Samson, A. (2015). Variance Inflation Factor: As a Condition for the Inclusion of Suppressor Variable(s) in Regression Analysis. Open Journal of Statistics, 5(7), 754–767. https://doi.org/10.4236/ojs.2015.57075
Aronovich, S. (1994). Uma nota sobre os efeitos da inflação e do nível de atividade sobre o spread bancário. Revista Brasileira de Economia, 48(1), 125-140.
Assaf Neto, A. (2020). Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas.
Assaf Neto, A. (2018). Mercado Financeiro. 14. ed. São Paulo: Atlas.
Avelar, A. E., Ferreira, P. O., & Silva, B. N. E. R., Ferreira, C. O. (2021). Efeitos da pandemia de Covid-19 sobre a sustentabilidade econômico-financeira de empresas brasileiras. Revista Gestão Organizacional, 14(1), 131-152. https://doi.org/10.22277/rgo.v14i1.5724.
Banco Central do Brasil. (2018). Manual de Estatísticas Fiscais. Recuperado de https://bit.ly/3ov5HZA.
Banco Central do Brasil. (2020). Focus: Relatório de Mercado: Expectativas de Mercado. Recuperado de https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus.
Banco Central do Brasil. (2021a). Relatório mensal da dívida pública federal. Recuperado de https://bit.ly/3Fa0dJI.
Banco Central do Brasil. (2021b). Banco múltiplo. Recuperado de https://bit.ly/3o44rMO.
Barbosa, J. S., & Costa, P. de S. (2020). Book-tax differences e rating. Revista Universo Contábil, 16(2), 26-49. DOI: http://dx.doi.org/10.4270/ruc.2020208
Barbosa Filho, F. H. (2017). A crise econômica de 2014/2017. Estudos Avançados, 31(89), 51-60. DOI: 10.1590/s0103-40142017.31890006.
Baron, M.; Verner, E.; Xiong, W. (2021). Banking crises without panics. The Quarterly Journal of Economics, 136(1), 51-113. DOI: 10.1093/qje/qjaa034.
Bastos, P. P. Z. (2016). Crescimento da dívida pública e política monetária no Brasil (1991-2014). Texto para Discussão, (273). Recuperado de https://bityli.com/3do3H
Bătae, O. M.; Dragomir, V. D.; Feleagă, L. (2021). The relationship between environmental, social, and financial performance in the banking sector: A European study. Journal of Cleaner Production, 290, p. 125791. DOI: 10.1016/j.jclepro.2021.125791.
Blanchard, O. (2004). Macroeconomia. 3.ed. São Paulo: Prentice Hall.
Braga, J. C. (2009). Crise sistêmica da financeirização e a incerteza das mudanças. Estudos avançados, 23(65), 89-102. DOI: 10.1590/S0103-40142009000100006.
Brasil, Bolsa, Balcão. (2021). Índice Bovespa. Recuperado de https://bit.ly/3v9Vl1O.
Brasil, Bolsa, Balcão. (2022). Classificação das empresas por segmento. Recuperado de https://bit.ly/3MBwhZQ.
Bridi, M. A. (2020). A pandemia Covid-19: crise e deterioração do mercado de trabalho no Brasil. Estudos avançados, 34(100), 141-165. DOI: 10.1590/s0103-4014.2020.34100.010.
Brito, M. B. (2021). Dívida pública: a base da financeirização no Brasil. (Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre). Recuperado de https://bit.ly/3DfcYB7.
Caluz, A. D. R. E., Magnani, V. M., da Costa Gomes, M., & Ambrozini, M. A. (2021). A relação de políticas econômicas e de fatores macroeconômicos com o desempenho do mercado de ações brasileiro. Enfoque: Reflexão Contábil, 40(1), 31-47.
Comitê de Datação de Ciclo Econômico (2021). Ciclos econômicos trimestrais. Recuperado de https://bit.ly/3ouATbp.
Conselho Nacional de Secretários de Saúde. (2021). Painel Geral Covid-19, posição em 03 out. 2021. Recuperado de https://bit.ly/3Df01XI.
Cunha, S. (2021). As tendências para o setor bancário na Era Pós-Covid-19 (Dissertação de mestrado em Gestão de empresas, Instituto Superior de Administração e Gestão, Porto). Recuperado de https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/36965.
D’Inverno, G, Carosi, L. & Romano, G. (2021). Environmental sustainability and service quality beyond economic and financial indicators: A performance evaluation of Italian water utilities. Socio-Economic Planning Sciences,75, 00852. DOI: 10.1016/j.seps.2020.100852.
Derbali, A. (2021). Determinants of the performance of Moroccan banks. Journal of Business and Socio-economic Development, 1(1), 102-117. DOI: 10.1108/JBSED-01-2021-0003.
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. (2021). Desempenho dos bancos em 2020. São Paulo: Dieese.
Duarte, R. G, Luft, M. C. M. S., Matos Júnior, J. E., & Silva, M. R. S. (2020). Formação e impacto das linhas de crédito em tempo de pandemia: práticas e reflexões para os pequenos negócios. Gestão e Sociedade, 14(39), 3707-3715. DOI: 10.21171/ges.v14i39.3295.
Fávero, L.P., & Belfiore, P. (2020). Manual de análise de dados. Rio de Janeiro: LTC.
Figlioli, B, Lemes, S., & Lima, F. G. (2017). IFRS, sincronicidade e crise financeira: a dinâmica da informação contábil para o mercado de capitais brasileiro. Revista Contabilidade & Finanças, 28(75), 326-343. DOI: 10.1590/1808-057x201704450.
Gobetti, S. W., & Schettini, B. P. (2010). Dívida Líquida e Dívida Bruta: uma abordagem integrada para analisar a trajetória e o custo do endividamento brasileiro. Texto para Discussão, 1514, 1-76. Recuperado de https://bit.ly/3D8XxKD.
Hodgson, G.M. (2006). What Are Institutions? Journal of Economic, 40(1), 1-25. DOI: http://dx.doi.org/10.1080/00213624.2006.11506879
Heyden, K. J., & Heyden, T. (2020). Market reactions to the arrival and containment of COVID-19: an event study. Financ Res Lett., 38, 101745. DOI: https://dx.doi.org/10.1016/j.frl.2020.101745.
Instituto Brasileiro Geografia e Estatística. (2021). Painel de Indicadores. Recuperado de https://bit.ly/3A91qxT.
Joaquim, G., Van Doornik, B., & Ornelas, J. R. (2019). Bank Competition, Cost of Credit and Economic Activity: evidence from Brazil: Working paper, 508, 1-91. Recuperado de https://bit.ly/3AxkHJB.
Kalaš, B. M., Mirović, V., Milenković, N., & Andrašić, J. (2021). The impact of macroeconomic determinants on commercial bank profitability in central and Southeastern European countries. Teme, 44(4), 1391-1409. https://doi.org/10.22190/TEME190515082K
Klann, R. C., Leite, M., & Brighenti, J. (2017). Efeito do Reconhecimento dos Ativos Biológicos no Preço das Ações de Empresas Brasileiras. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, 22(1), 49-65.
Leuz, C., & Verrecchia, R. E. (2000). The economic consequences of financial reporting and disclosure regulation. Journal of Accounting Research, 54(2), 91-124. DOI: 10.2307/2672910.
Lima, A. V., & Freitas, E. A. (2020). A Pandemia e os Impactos na Economia Brasileira. Boletim Economia Empírica, 1(4), 17-24. Recuperado de https://bit.ly/3bwSfNs.
Marcon, R., Mello, R., Alberton, A. (2008). Teoria instrumental dos stakeholders em ambientes turbulentos: uma verificação empírica utilizando doações políticas e sociais. Brazilian Business Review, 5(3), 289-308. Recuperado de https://bit.ly/3EsXN7W.
Martins, G. A., & Theóphilo, C. R. (2018). Metodologia da investigação científica para ciências sociais aplicadas. 3. ed. São Paulo.
Mattar, J. (2017). Metodologia Científica na era digital. 4. ed. São Paulo.
Minayo, M. S., & Cazumbá, I. P. (2020). Respostas das Instituições Financeiras Internacionais à Pandemia da Covid-19. Diplomacia da saúde e Covid-19, 143-160. Recuperado de https://bit.ly/30DtNaC.
Ministério da Economia. (2020). Panorama Macroeconômico. Recuperado de https://bit.ly/3z8pgsv.
Morck, R., Yeung, B., & Yu, W. (2000). The information content of stock markets: why do emerging markets have synchronous stock price movements? Journal of Financial Economics, 58, 215-260. DOI: 10.1016/S0304-405X (00)00071-4.
Mota, V. C. (2020, 12 de março). Coronavírus: como a queda da bolsa afeta a 'economia real'? BBC News | Brasil. Recuperado de https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51859307.
Ozili, P. K., & Arun, T. (2020). Spillover of COVID-19: impact on the Global Economy. SSRN, 1-30. Recuperado de https://bit.ly/2Ri8dEC.
Prates, D.; Cunha, A. M.; Lelis, M. T. C. (2011). O Brasil e a crise financeira global: avaliando os canais de transmissão nas contas externas. Rev. Econ. Contemp., 15(1), 62-91. DOI: 10.1590/S1415-98482011000100003.
Santos, D. F. L., & Kuroda, W. R. (2011). Fatores que influenciam o desempenho dos bancos comerciais no Brasil: um estudo comparativo. Revista Ciências Administrativas, 17(2), 402-426. http://dx.doi.org/10.5020/2318-0722.17.2.%p.
Souza, J, A., Mendonça, D. J., Benedicto, G. C., Carvalho, F. M. (2017). Aplicação da análise fatorial para identificação dos principais indicadores de desempenho econômico-financeiro em instituições financeiras bancárias. Revista Catarinense da Ciência Contábil, 16(47), 26-41. DOI: 10.16930/2237-7662/rccc. v16n47p26-41.
Stata. (2021). Prais (pp. 1–12). Stata
Tasnova, N. (2022). Impact of Bank Specific and Macroeconomic Determinants on Banks Liquidity. Finance & Economics Review, 4(1), 11-24. 10.38157/fer. v4i1.372.
Thottoli, M. M. (2021). The relevance of compliance audit on companies’ compliance with disclosure guidelines of financial statements. Journal of Investment Compliance, 22(2), 137-150. DOI: 10.1108/JOIC-12-2020-0047.
Vieira, I. C. S. (2021). O impacto da crise do Subprime na estrutura de capitais dos bancos em Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia (Dissertação de Mestrado, Universidade de Évora, Évora). Recuperado de https://bit.ly/3uXQilc.
Wang, J. W., & Yu, W. W. (2015). The information content of stock prices, legal environments, and accounting standards: international evidence. European Accounting Review, 24(3), 471-493. DOI: 10.1080/09638180.2014.977802.
Wooldridge, J. (2009). Introductory Econometrics. South-Western, Cengage Learning.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 3.0 (CC BY 3.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.