Ativos intangíveis e gerenciamento de resultados no mercado acionário brasileiro
Résumé
Objetivo: o objetivo do trabalho foi analisar a influência do nível de intangibilidade sobre o gerenciamento de resultados. Partiu-se de evidências de que a valorização das ações pode influenciar a discricionariedade nas práticas contábeis.
Método: A proxy de intangibilidade adotada foi a divisão entre valor de mercado e valor contábil do Patrimônio Líquido. Foram estudadas 92 empresas brasileiras de capital aberto no período entre 2014 a 2019. Utilizou-se o modelo Jones Modificado (Dechow, Sloan, & Sweeney, 1995) para captar os accruals discricionários.
Originalidade/relevância: A relevância do estudo consiste na consideração da crescente participação de empresas intangível-intensivas no mercado de capitais e novas demandas informacionais, constituindo subsídios para pesquisar o fator intangibilidade como elemento motivador da qualidade informacional.
Resultados: Os resultados demonstraram que as empresas intangível-intensivas apresentam maior nível de gerenciamento de resultados por accruals discricionários do que as empresas tangível-intensivas. Por meio de regressão em painel de dados constatou-se que a intangibilidade exerce influência positiva no gerenciamento de resultados apenas nas empresas intangível-intensivas. Através de regressão quantílica, demonstrou-se que esta relação positiva é mais expressiva na mediana e em quantis superiores de níveis de accruals. Além disso constatou-se que ativos intangíveis registrados no Balanço Patrimonial tem relação negativa com gerenciamento de resultados nas observações com menores níveis de accruals.
Contribuições: O trabalho contribui com a academia, agentes reguladores, investidores e demais participantes do mercado no sentido de auxiliar no entendimento sobre como ativos intangíveis relacionam-se com a qualidade das informações contábeis.
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