Desempenho econômico-financeiro versus conteúdo emocional do relatório da administração: uma estratégia de persuasão
Resumen
A literatura apresenta evidências de que a emoção está presente em todas as ações humanas, tanto no plano psíquico quanto no plano sensorial sendo, portanto, essencial para o modelo de tomada de decisões (FERREIRA, 2008); que o desempenho econômico-financeiro é fundamental para sobrevivência das empresas e que influencia a qualidade do discurso da gestão no disclosure (BUSE; ŞTEFAN, 2014; LI, 2008) e que as empresas possuem um perfil emocional (BUECHEL; HAHN e WALGENBACH, 2016) e tendem a gerenciar a impressão dos leitores com linguagem específica, especialmente diante de desempenho ruim (CLATWORTHY; JONES, 2003), o presente estudo tem como objetivo verificar quais efeitos o desempenho econômico-financeiro produz no conteúdo emocional do Relatório da Administração. Para tanto, utilizando empresas listadas na BMF&FBOVESPA, quantificou-se inicialmente as emoções básicas (EKMAN; SORENSON e FRIESEN, 1969) Alegria, Medo, Raiva, Repugnância, Surpresa e Tristeza presentes nos Relatórios da Administração, coletados da Bolsa de Valores B3, por meio do Dicionário de Termos de Emoção em Contabilidade e Finanças (KOS; SCARPIN E PINTO, 2019). Em seguida, computou-se a regressão linear com dados em painel, onde cada uma das emoções representou a variável dependente, cuja variável explicativa foi o desempenho econômico-financeiro, representado por Rentabilidade, Lucratividade, Liquidez e Endividamento, coletados na base de dados Bloomberg. Os resultados mostram que o desempenho econômico-financeiro influência de forma significativa o conteúdo emocional presente no Relatório da Administração, demonstrando que os textos financeiros das empresas exibem mais termos de Medo, Repugnância e Tristeza à medida que o desempenho piora. Por outro lado, os achados indicam que empresas com desempenho melhor tendem a inserir mais termos de Alegria nos textos financeiros. Dessa forma, percebe-se que as narrativas contábeis, ainda que pautadas em princípios e normas, não são neutras.
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