Whistleblowing e estruturas de remuneração de executivos na prevenção de fraudes contábeis

Résumé

Objetivo: O presente artigo tem como objetivo analisar o efeito da estrutura de remunerações de executivos, compostas por ações restritas, na intenção de whistleblowing de gestores em casos de fraudes contábeis.

 

Metodologia: Foi conduzido um experimento com 95 profissionais de contabilidade, com vínculo de trabalho efetivo. Os participantes da pesquisa foram distribuídos em dois grupos, um de controle (remuneração variável a partir de ações sem restrições) e outro de tratamento (remuneração variável a partir ações restritas). O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário estruturado e os dados foram tratados com testes não paramétricos.

 

Lacuna: Ausência de estudos sob a ótica da Teoria da Agência, no Brasil, que analise a estrutura de remuneração como aliada aos requisitos para eficácia dos canais de denúncia, na prevenção e detecção de fraudes contábeis.

 

Relevância: A forma de remuneração restrita corrobora com a redução dos conflitos de agência, sendo um componente de controle essencial nos sistemas denúncias, pois estimula o executivo a reportar problemas comportamentais e fraudes identificadas.

 

Impacto: Os resultados indicam que organizações (públicas ou privadas) devem estimular a institucionalização de whistleblowing no Brasil para prevenir e identificar casos de fraudes e corrupção, sobretudo, pois os achados mostram que fatores motivacionais preditivos a denúncia como cultura ética, percepção moral e a materialidade do delito estão associadas ao grau de instrução e idade do respondente.

 

Resultados e contribuições: Os resultados revelam que os gestores possuem maior propensão a denunciar, quando suas estruturas de remuneração são compostas por ações restritas, com diferenças estatisticamente significantes entre as médias dos grupos. Os gestores podem relutar em denunciar ilegalidades quando têm sua remuneração atrelada a ações sem restrições de curto prazo, pois a divulgação de whistleblowing, afeta o valor de mercado e a imagem da entidade, reduzindo seu valor de liquidação.

 

Palavras-chaves: Remuneração de Executivos; Ações Restritas; Whistleblowing; Canais de Denúncias; Fraudes.

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Bibliographies de l'auteur

Gilson Rodrigues da Silva, UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA - UFPB

Doutor em Ciências Contábeis (UFPB)
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba – PPGCC UFPB
Mestre em Controladoria (UFRPE)

Dimas Barreto de Queiroz, UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Doutor em Ciências Contábeis pelo Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis UnB/UFPB/UFRN.
Professor Adjunto III do Departamento de Finanças e Contabilidade (DFC) e membro do corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC) da Universidade Federal da Paraíba – UFPB.
Departamento de Finanças e Contabilidade, Universidade Federal da Paraíba (UFPB),

Paulo Amilton Maia Leite Filho, UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Doutor em Economia (UFPE)
Professor Titular da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Professor do Programa de Pós-graduação de Ciências Contábeis da
Universidade Federal da Paraíba (PPGCC/UFPB)

Renata Paes de Barros Câmara, UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Doutora em Engenharia Mecânica (USP) Professora do Departamento de Finanças e Contabilidade (UFPB) Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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Publiée
2024-09-09
Comment citer
Silva, G. R. da, Barreto de Queiroz, D., Amilton Maia Leite Filho, P., & Paes de Barros Câmara, R. (2024). Whistleblowing e estruturas de remuneração de executivos na prevenção de fraudes contábeis. Enfoque: Reflexão Contábil, 43(3), 60-77. https://doi.org/10.4025/enfoque.v43i3.65884
Rubrique
Artigos Originais