Influência da massa crítica de mulheres na divulgação de responsabilidade social corporativa
Resumo
Objetivo: Analisou a influência da formação de uma massa crítica de mulheres, presentes no conselho de administração, na divulgação de Responsabilidade Social Corporativa das empresas brasileiras pertencentes ao Índice Brasil 50 (IBrX 50) da B3 cotadas no 1° trimestre de 2021. Partindo do pressuposto de que a proporção de mulheres presentes no conselho de administração, ou seja, a formação de uma massa crítica, pode ocasionar impactos no desenvolvimento de políticas relacionadas a aspectos socioambientais e de governança.
Método: Realizou-se uma análise de conteúdo tendo em vista a construção da proxy de Responsabilidade Social Corporativa, sendo elencadas 7 categorias analisadas nos Relatórios Anuais, Relatório de Sustentabilidade e Relato Integrado. Como variável de interesse definiu-se a Massa Crítica (MassCritit), correspondente à presença de pelo menos três mulheres no Conselho de Administração. Estimou-se modelo por meio de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), por Efeito Aleatório, de forma balanceada, com dados advindos da Thomson Reuters Eikon® entre os anos de 2017, 2018 e 2019.
Originalidade/Relevância: O estudo se torna relevante visto que a temática da Teoria da Massa Crítica vem ganhando destaque na literatura, mas ainda é pouco explorada na relação da presença feminina no conselho de administração e no contexto brasileiro.
Resultados: Foi identificado que a formação de uma massa crítica feminina não refletiu influência na divulgação de informações de Responsabilidade Social Corporativa, contrariando uma vertente literária anterior. Ressalta-se que a divulgação de informações relacionadas à Responsabilidade Social Corporativa é uma iniciativa válida para todas as organizações, independente da presença de mulheres no conselho como ressaltado pela literatura.
Contribuições teóricas/metodológicas/práticas: O estudo pode contribuir com a criação de diferentes políticas, bem como de mecanismos de controle que objetivam a tomada de decisões sobre a divulgação de relatórios de Responsabilidade Social Corporativa.
Downloads
Referências
Abu Qa’dan, M.B. & Suwaidan, M.S. (2019). Board composition, ownership structure and corporate social responsibility disclosure: the case of Jordan. Social Responsibility Journal, 15(1), 28-46. https://doi.org/10.1108/SRJ-11-2017-0225
Alazzani, A., Hassanein, A. & Aljanadi, Y. (2017). Impact of gender diversity on social and environmental performance: evidence from Malaysia. Corporate Governance, 17(2), 266-283. https://doi.org/10.1108/CG-12-2015-0161
Alipour, M., Ghanbari, M., Jamshidinavid, B. & Taherabadi, A. (2019). Does board independence moderate the relationship between environmental disclosure quality and performance? Evidence from static and dynamic panel data. Corporate Governance, 19(3), 580-610. https://doi.org/10.1108/CG-06-2018-0196
Amorelli, M.-F., & Garcia-Sanchez, I.-M. (2020). Critical mass of female directors, human capital, and stakeholder engagement by corporate social reporting. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 27(1), 204–221. https://doi.org/10.1002/csr.1793
Arayssi, M., Dah, M., & Jizi, M. (2016). Women on boards, sustainability reporting and firm performance. Sustainability Accounting, Management and Policy Journal.
Baddache, F. & Nicolai, I. (2013). Follow the Leader: How corporate social responsibility influences strategy and practice in the business community. Journal of Business Strategy, 34, 26- 35.
Bear, S., Rahman, N. & Post, C. (2010). The Impact of Board Diversity and Gender Composition on Corporate Social Responsibility and Firm Reputation. Journal of Business Ethics, 97, 207-221.
Ben-Amar, W., Chang, M. & McIlkenny, P. (2017). Board Gender Diversity and Corporate Response to Sustainability Initiatives: Evidence from the Carbon Disclosure Project. Journal of Business Ethics 142, 369-383.
Bernardi, R. A., Bosco, S. M. & Columb, V. L. (2009). Does female representation on boards of directors associate with the ‘most ethical companies’ list?. Corporate Reputation Review, 12(3), 270-280.
Boulouta, I. (2013). Hidden Connections: The Link Between Board Gender Diversity and Corporate Social Performance. Journal of Business Ethics, 113, 185-197. https://doi.org/10.1007/s10551-012-1293-7
Brasil, Bolsa, Balcão (B3). (2021). Índice Brasil 50 (IBrX 50 B3). Disponível em: http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-amplos/indice-brasil-50-ibrx-50.htm
Brüggen, A., Vergauwen, P. & Dao, M. (2009). Determinants of intellectual capital disclosure: evidence from Australia. Management decision, 47(2), 233-245.
Bueno, G., Marcon, R., Pruner-da-Silva, A. L. & Ribeirete, F. (2018). The role of the board in voluntary disclosure. Corporate Governance, 18(5), 886-910. https://doi.org/10.1108/CG-09-2017-0205.
Cabeza‐García, L., Fernández‐Gago, R., & Nieto, M. (2018). Do board gender diversity and director typology impact CSR reporting? European Management Review, 15(4), 559-575.
Cameron, A. C. & Trivedi, P.K (2005). Micro econometrics: methods and applications. Cambridge University Press, New York.
Carroll, A. B. & Shabana, K. M. (2010). The business case for corporate social responsibility: a review of concepts, research and practice. International Journal of Management Reviews, 12(1) 85–105.
Carroll, A. B. (1999). Corporate Social Responsibility: Evolution of a Definitional Construct. Business & Society, v. 38. n.3, p. 268-295. https://doi.org/10.1177/000765039903800303.
Childs, S., & Krook, M. L. (2008). Theorizing women’s political representation: Debates and innovations in empirical research. Femina Politica–Zeitschrift für feministische Politikwissenschaft, 17(2), 7-8.
Cook, A., & Glass, C. (2018). Women on corporate boards: Do they advance corporate social responsibility? Human relations, 71(7), 897-924.
Correa, J. C., Gonçalves, M. N., Sanches, S. L. R., & Oliveira Moraes, R. (2017). Disclosure socioambiental de empresas norte-americanas listadas na NYSE: características e os possíveis fatores para a divulgação voluntária. Contabilidade Vista & Revista, 28(2), 53-77.
Tohmatsu, D. T. (2019). Data-driven change Women in the boardroom - A global perspective. 6 ed. Disponível em:
Falck, O. & Heblich, S. (2007). Corporate social responsibility: Doing well by doing good. Business Horizons, 50, 247–254.
Fávero, L. P., & Belfiore, P. (2017). Manual de análise de dados: estatística e modelagem multivariada com Excel®, SPSS® e Stata®. Elsevier Brasil.
Feil, A. A., & Schreiber, D. (2017). Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: desvendando as sobreposições e alcances de seus significados. Cadernos Ebape. BR, 15, 667-681.
Ferrero-Ferrero, I., Fernández-Izquierdo, M. Á. & Muñoz-Torres, M. J. (2015). Integrating Sustainability into Corporate Governance: An Empirical Study on Board Diversity. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 22(4), 193–207. https://doi.org/10.1002/csr.1333
Fredette, C. & Sessler Bernstein, R. (2019). Ethno-racial diversity on nonprofit boards: A critical mass perspective. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 48(5), 931-952.
Gao, S. S., Heravi, S. & Xiao, J. Z. (2005). Determinants of corporate social and environmental reporting in Hong Kong: a research note. Accounting Forum, 29, 233-242.
Giannarakis, G. (2014), Corporate governance and financial characteristic effects on the extent of corporate social responsibility disclosure. Social Responsibility Journal, 10(4), 569-590. https://doi.org/10.1108/SRJ-02-2013-0008
Graafland, J., & Noorderhaven, N. (2018). National culture and environmental responsibility research revisited. International Business Review, 27(5), 958-968.
Grey, S. (2002). Does size matter? Critical mass and New Zealand's Women MP. Parliamentary Affairs, 55(1), 19–29.
Gujarati, D. N. & Porter, D. C. (2011). Econometria básica. 5. ed. Tradução de D. Durante, M. Rosemberg, M. L. G. L. Rosa. Revisão técnica C. D. Shikida, A. F. de Araújo Júnior e M. A. Salvato. Porto Alegre: AMGH.
Gul, F. A., Srinidhi, B., & Ng, A. C. (2011). Does board gender diversity improve the informativeness of stock prices?. Journal of accounting and Economics, 51(3), 314-338.
Harjoto, M., Laksmana, I. & Lee, R. (2015). Board Diversity and Corporate Social Responsibility. Journal of Business Ethics, 132, 641-660.
Hossain, M., Farooque, O.A., Momin, M.A. & Almotairy, O. (2017). Women in the boardroom and their impact on climate change related disclosure. Social Responsibility Journal, 13(4), 828-855. https://doi.org/10.1108/SRJ-11-2016-0208
Issa, A. & Fang, H.-X. (2019). The impact of board gender diversity on corporate social responsibility in the Arab Gulf states. Gender in Management, 34(7) 577-605. https://doi.org/10.1108/GM-07-2018-0087
Joecks, J., Pull, K., & Vetter, K. (2013). Gender diversity in the boardroom and firm performance: What exactly constitutes a “critical mass”? Journal of Business Ethics, 118(1), 61–72. https://doi.org/10.1007/s10551-012-1553-6
Kaur, A. & Singh, B. (2017). Construing Reputation from Gender Diversity on Boards: Indian Evidence. Paradigm. 21(2), 1-15.
Kanter, R. M. (1977). Some effects of proportions on group life: Skewed sex ratios and responses to token women. American Journal of Sociology, 82(5), 965–990. https://doi.org/10.1086/226425
Khan, H. (2010). The effect of corporate governance elements on corporate social responsibility (CSR) reporting: Empirical evidence from private commercial banks of Bangladesh. International Journal of Law and Management, 52(2) 82-109. https://doi.org/10.1108/17542431011029406
Köche, J. C. (2016). Fundamentos de metodologia científica. Editora Vozes.
Konrad, A. M., Kramer, V. W., & Erkut, S. (2008). The impact of three or more women on corporate boards. Organizational Dynamics, 37, 145–164. https://doi.org/10.1016/j.orgdyn.2008.02.005
Landry, E.E., Bernardi, R.A. & Bosco, S.M. (2016). Recognition for sustained corporate social responsibility: female directors make a difference. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 23(1), 27-36.
Larrieta‐Rubín de Celis, I., Velasco‐Balmaseda, E., Fernández de Bobadilla, S., Alonso‐Almeida, M. D. M., & Intxaurburu‐Clemente, G. (2015). Does having women managers lead to increased gender equality practices in corporate social responsibility. Business Ethics: A European Review, 24(1), 91-110.
Li, J., Zhao, F., Chen, S., Jiang, W., Liu, T. & Shi, S. (2016). Gender Diversity on Boards and Firms’ Environmental Policy. Business Strategy and the Environment. https://doi.org/10.1002/bse.1918
Marconi, M. & Lakatos, E. (2010). Fundamentos de metodologia científica: Técnicas de pesquisa 7. ed. São Paulo: Atlas.
Mcwilliams, A., Siegel, D. (2011). Corporate social responsibility: a theory of the firm perspective. Academy of Management Review, 26, (1), 117-27.
Nielsen, S. & Huse, M. (2010). The contribution of women on boards of directors: going beyond the surface. Corporate Governance: An International Review, 18 (2), 136-148.
Nuber, C., & Velte, P. (2021). Board gender diversity and carbon emissions: European evidence on curvilinear relationships and critical mass. Business Strategy and the Environment.
Onu Mulheres & UNGC. (2017). Princípios de empoderamento das mulheres. ONU Mullheres e Pacto Global Rede Brasileira. Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/referencias/principios-de-empoderamento-das-mulheres
Onu Mulheres (2018). Ganha-ganha: Igualdade de Gênero Significa Bons Negócios. Disponível em:
Pessoa, A. F. de P., Nascimento, I. C. S. do, Guimarães, D. B., Rocco, L. A. & Silva, M. N .M da. (2022). Mulheres no poder: análise da participação feminina no conselho de administração e a performance empresarial no Brasil. Revista Enfoque: Reflexão Contábil, v. 14, n. 2, p. 1-22. https://doi.org/10.4025/enfoque.v41i2.52692
Ramon-Llorens, M.C., Garcia-Meca, E. & Pucheta-Martínez, M.C. (2020), "Female directors on boards. The impact of faultlines on CSR reporting", Sustainability Accounting, Management and Policy Journal, 12(1), 156-183. https://doi.org/10.1108/SAMPJ-07-2019-0273
Ricardo, V. S., Barcellos, S. S. & Bortolon, P. M. (2017). Relatório de Sustentabilidade ou Relato Integrado das Empresas Listadas na Bm&FBovespa: Fatores Determinantes de Divulgação. Revista de Gestão Social e Ambiental. 11(1), 90-104.
Sampaio, M. S., Silva Gomes, S. M., Bruni, A. L., & Dias Filho, J. M. (2012). Evidenciação de informações socioambientais e isomorfismo: um estudo com mineradoras brasileiras. Revista Universo Contábil, 8(1), 105-122.
Santos, L. M. D. S., Santos, M. I. D. C. & Leite Filho, P. A. M. (2022). A Influência da Diversidade de Gênero, no Comitê de Auditoria, na Evidenciação de Informações Ambientais das Empresas Listadas na B3. Revista Enfoque: Reflexão Contábil, v. 14, n.1, p. 77-93.
Silva, L. K. S. (2020). Mais é melhor! Mulheres no conselho de administração e a divulgação de responsabilidade social corporativa relacionada a gênero. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Administração e Controladoria). Universidade Federal do Ceará. Fortaleza. Ceará. Brasil.
Sprinkle, G. & Maines, L. (2010). The benefits and costs of corporate social responsibility. Business Horizons, 53(5), 445-453.
Tai, F.M. & Chuang, S. H. (2014). Corporate Social Responsibility. IBusiness, 6, 117-130.
Torchia, M., Calabrò, A., Huse, M., & Brogi, M. (2010). Critical Mass Theory and Women Directors' Contribution to Board Strategic Tasks. Corporate Board: Role, Duties & Composition, 6(3).
Vaaland, T. I., Heide, M. & Grønhaug, K. (2008). Corporate social responsibility: Investigating theory and research in the marketing context. European Journal of Marketing, 42(9/10), 927–953.
Uzma, S. H. (2016). Embedding corporate governance and corporate social responsibility in emerging countries. International Journal of Law and Management, 58(3), 299–316. https://doi.org/10.1108/IJLMA-04-2015-0015
Williams, R. J. (2003). Women on corporate boards of directors and their influence on corporate philanthropy. Journal of Business Ethics, 42(1), 1-10.
Wiley, C., & Monllor-Tormos, M. (2018). Board gender diversity in the STEM&F sectors: the critical mass required to drivede firm performance. Journal of Leadership & Organizational Studies, 25(3), 290-308.
Zhang, J. Q., Zhu, H. & Ding, H. (2013). Board Composition and Corporate Social Responsibility: An Empirical Investigation in the Post Sarbanes-Oxley Era. Journal of Business Ethics, 114, 381-392.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 3.0 (CC BY 3.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.





