A UNE como instrumento de subversão: a Frente da Juventude Democrática contra a esquerda estudantil durante a greve universitária de 1962

  • André Luiz Rodrigues de Rossi Mattos Mestrando/Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" UNESP, Assis/SP
Palavras-chave: União Nacional dos Estudantes, movimento estudantil, anticomunismo

Resumo

O presente artigo pretende analisar como a Frente da Juventude Democrática (FJD) atuou em relação aos estudantes de esquerda durante a greve por um terço, em 1962, período em que a mobilização e as ações políticas das esquerdas e do anticomunismo foram bastante amplas e radicalizadas. Nesse sentido, pretende-se analisar como a FJD representou a União Nacional dos Estudantes (UNE) e quais foram as suas ações.

O tema proposto está situado entre os anos de 1961 e 1964, quando as reformas de base passaram a nortear o debate político no Brasil, tendo em seu contexto fortes disputas no interior da sociedade brasileira entre os setores favoráveis e contrários a essas reformas. Na definição dessas posições estiveram, de um lado, o avanço dos movimentos sociais; do outro, se reafirmou uma posição motivada pelo anticomunismo que se relacionou tanto com o contexto nacional de oposição às formas e ao conteúdo reformista, quanto com as tensões internacionais da Guerra Fria.

Dentre os movimentos que avançaram estava a UNE, que no início dos anos de 1960 reuniu os segmentos estudantis da esquerda e se aproximou das propostas mudancistas, em especial da reforma universitária, considerada pela entidade como o ponto de partida das demais reformas nacionais. Assim, esse setor estudantil organizou congressos e seminários sobre o tema tendo como resultado uma ampla mobilização e a efetivação de uma greve geral em meados de 1962, que ficou conhecida como a greve por um terço. Simultaneamente, em oposição à UNE, se fortaleceu um movimento de tendência anticomunista organizado inicialmente pela FJD.

Para percorrer alguns caminhos dessas disputas, foram utilizados, como fonte de pesquisa, documentos da UNE, comunicados e declarações da FDJ e a imprensa, a qual destacou tanto a greve por um terço quanto os confrontos que ocorreram no interior do movimento estudantil.

Supõe-se que uma análise sobre as organizações universitárias anticomunistas do início dos anos de 1960 possa contribuir para o entendimento de alguns setores estudantis que saíram em defesa do golpe civil-militar em 1964, situando os estudantes como um segmento aberto às diversas diferenças que motivaram a sociedade brasileira no início dessa década.

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Biografia do Autor

André Luiz Rodrigues de Rossi Mattos, Mestrando/Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" UNESP, Assis/SP
Formado em Ciências Sociais, Especialista em História Política e mestrando pelo PPGH da Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho", Campus de Assis/SP
Publicado
2012-02-03
Como Citar
Mattos, A. L. R. de R. (2012). A UNE como instrumento de subversão: a Frente da Juventude Democrática contra a esquerda estudantil durante a greve universitária de 1962. Revista Espaço Acadêmico, 12(133), 119-130. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/15147