A UNE como instrumento de subversão: a Frente da Juventude Democrática contra a esquerda estudantil durante a greve universitária de 1962
Resumo
O presente artigo pretende analisar como a Frente da Juventude Democrática (FJD) atuou em relação aos estudantes de esquerda durante a greve por um terço, em 1962, período em que a mobilização e as ações políticas das esquerdas e do anticomunismo foram bastante amplas e radicalizadas. Nesse sentido, pretende-se analisar como a FJD representou a União Nacional dos Estudantes (UNE) e quais foram as suas ações.
O tema proposto está situado entre os anos de 1961 e 1964, quando as reformas de base passaram a nortear o debate político no Brasil, tendo em seu contexto fortes disputas no interior da sociedade brasileira entre os setores favoráveis e contrários a essas reformas. Na definição dessas posições estiveram, de um lado, o avanço dos movimentos sociais; do outro, se reafirmou uma posição motivada pelo anticomunismo que se relacionou tanto com o contexto nacional de oposição às formas e ao conteúdo reformista, quanto com as tensões internacionais da Guerra Fria.
Dentre os movimentos que avançaram estava a UNE, que no início dos anos de 1960 reuniu os segmentos estudantis da esquerda e se aproximou das propostas mudancistas, em especial da reforma universitária, considerada pela entidade como o ponto de partida das demais reformas nacionais. Assim, esse setor estudantil organizou congressos e seminários sobre o tema tendo como resultado uma ampla mobilização e a efetivação de uma greve geral em meados de 1962, que ficou conhecida como a greve por um terço. Simultaneamente, em oposição à UNE, se fortaleceu um movimento de tendência anticomunista organizado inicialmente pela FJD.
Para percorrer alguns caminhos dessas disputas, foram utilizados, como fonte de pesquisa, documentos da UNE, comunicados e declarações da FDJ e a imprensa, a qual destacou tanto a greve por um terço quanto os confrontos que ocorreram no interior do movimento estudantil.
Supõe-se que uma análise sobre as organizações universitárias anticomunistas do início dos anos de 1960 possa contribuir para o entendimento de alguns setores estudantis que saíram em defesa do golpe civil-militar em 1964, situando os estudantes como um segmento aberto às diversas diferenças que motivaram a sociedade brasileira no início dessa década.
Downloads

DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial 4.0 (CC BY-NC 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, exceto os comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.