Os Ninguéns:

institucionalização da infância e da adolescência no Brasil

  • Marilia Rovaron UNESP
Palavras-chave: Criminalização das juventudes, Violência estatal, Sistema Socioeducativo

Resumo

O tratamento dispensado às crianças e aos adolescentes pobres no Brasil é marcado, do período imperial aos dias atuais, pela repressão e controle do Estado cuja ressonância abrange o clamor punitivo de grande parte da sociedade. Outrora filhos dos ventres livres, meninos e meninas pobres padecem de um tipo de identificação como potências perigosas, que precisam de tutela, disciplina e rigorosa punição.  O presente artigo busca, através de revisão bibliográfica de pesquisas e documentos históricos, identificar as formas de controle e de criminalização dessa população no Brasil, em especial no estado de São Paulo. A análise contempla instituições de educação de adolescentes e jovens que cometem algum tipo de infração, ou que, antigamente, eram tidos como indivíduos em situação irregular.

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Biografia do Autor

Marilia Rovaron, UNESP

Graduada em Ciências Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Paulista Júlio de Mesquita (UNESP), na linha Pensamento Social e Políticas Públicas. Atua como coordenadora técnica de projetos no Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC), entidade responsável pela execução de oficinas de arte e cultura para adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em regime de internação nos centros da Fundação CASA no estado de São Paulo.

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Publicado
2020-06-07
Como Citar
Rovaron, M. (2020). Os Ninguéns:. Revista Espaço Acadêmico, 20(222), 225-233. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/51730