Práticas organizacionais horizontais:
um estudo em uma cooperativa de produção agropecuária
Resumo
A proposta de desenvolvimento moderno, alicerçada nas meta-narrativas do chamado “progresso técnico-científico” e na dominação racional-legal do trabalho, sobretudo, a partir da década de 1950, se distanciou de um efetivo desenvolvimento em direção à emancipação social. Nesse contexto, uma forma de gestão, denominada management, emergiu nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo. Apresentada neste trabalho como o “lado A” da gestão, essa forma gerencialista priorizou o progresso econômico e sucumbiu às diferenças raciais e culturais entre os diferentes países do Ocidente. Em outra direção, os Estudos Organizacionais Críticos Brasileiros têm proposto um conhecimento original, com a intenção de abranger outros modos de organização. Assim, mostra-se relevante encorajar outras formas de gestão, intituladas neste trabalho como o “lado B” da gestão. O objetivo do artigo é compreender esse lado da gestão e repensar a noção de desenvolvimento a partir de um estudo na Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória – Copavi, localizada no Paraná. Para isso, realizou-se um estudo de natureza qualitativa, utilizando a entrevista como procedimento para coleta do material por meio das visitas de campo, realizadas em 2019. Os resultados apontam outra forma de gestão, balizada pela autonomia e pelo emprego de práticas horizontais.
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Referências
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