Pierre Bourdieu e o perspectivismo nas ciências sociais
Resumo
Neste ensaio apresento uma discussão sobre a contribuição da leitura de obras literárias para a formação educacional e para a construção do conhecimento científico sobre o mundo social. A partir de um estudo da obra de Pierre Bourdieu (1930-2002), o enfoque recai sobre a presença da literatura e da teoria literária no pensamento do autor ao longo de sua trajetória intelectual. Abordo, prioritariamente, os cursos anuais ministrados por Bourdieu no Collège de France, entre os anos de 1981 e 2001, nos quais frequentemente recorre a ideias ou exemplos de situações e relações sociais presentes em narrativas literárias de inúmeros autores, bem como às concepções teóricas sobre a literatura que constam também nos escritos de alguns filólogos e teóricos da literatura como Erich Auerbach, Leo Spitzer, Michel Butor, Itamar Even-Zohar dentre outros. Ao discutir a presença da literatura na obra de Pierre Bourdieu tento abordar várias perspectivas: a) as representações do autor sobre a literatura em geral e sobre algumas obras literárias específicas; b) Como, segundo Bourdieu, as representações literárias sobre a realidade social podem ser levadas em consideração na construção das representações científicas sobre o mundo social; c) como o autor se apropria de algumas análises, interpretações e exemplos de acontecimentos, situações e relações sociais presentes nas narrativas literárias como fontes para as suas próprias análises, interpretações e reflexões; d) a sociologia da literatura como origem da teoria dos campos sociais de produção simbólica.
Downloads
Referências
______. Mimesis. São Paulo, Perspectiva, 2013.
BALZAC, Honoré de. O pai Goriot. São Paulo, Mediafashion, 2016.
BOURDIEU, P. Estrutura, habitus e prática. In: Bourdieu, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo, Perspectiva, 1992.
______. O poder simbólico. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2001.
______. Le bal des célibataires – Crise de la societé paysanne em Béarn. Paris, Éditions du Seuil, 2002.
______. As regras da arte – gênese e estrutura do campo literário. São Paulo, Companhia das Letras, 2002B.
______. Para uma sociologia da ciência. Lisboa, Edições 70, 2004.
______. Esboço de auto-análise. São Paulo, Companhia das Letras, 2005.
______. “Ao leitor”. In: Bourdieu, P. A Miséria do mundo. Sob direção de Pierre Bourdieu; com contribuições de A. Accardo ... I et. al. 17. ed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
______. Manet – une Revolution symbolique. Paris, Raisons d’Agir/Le Seuil, 2013.
______. Sobre o Estado. São Paulo, Companhia das Letras, 2014.
______. “Manet uma revolução simbólica”. Revista NOVOS ESTUDOS, n. 99. São Paulo, CEBRAP, 2014B, p. 135.
______. Sociologie Générale. Vol. 1. Cours au Collège de France 1981-1983. Paris, Raisons d’Agir/Le Seuil, 2015.
ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1994.
M. de LAFAYETTE, Marie-Madeleine Pioche. A princesa de Clèves. São Paulo, Mediafashion, 2017
LAHIRE, Bernard. Conférence de clôture: « De la division du travail scientifique: les rapports entre la didactique et la sociologie en période ‘hyperspécialisation’». Dans Ph. Losego (éd.), Actes du colloque « Sociologie et didactiques: vers une transgression des frontières », 13 et 14 septembre 2012 [(pp. xx-xx)], Lausanne: Haute Ecole Pédagogique de Vaud. http://www.hepl.ch/sociodidac
PANOFSKY, Erwin. Arquitetura Gótica e Escolástica – Sobre a analogia entre arte, filosofia e teologia na Idade Média. São Paulo, Martins Fontes, 2001.
SPELLER, John R. W. Bourdieu e a literatura. Teresina, EDUFPI, 2017.
SPITZER, Leo. “Perspectivismo lingüístico en el Quijote”. In: SPITZER, L. Lingüística e historia literária. Madrid: Gredos, 1955 (1948), pp. 135-187.
______. “Le style de Marcel Proust”. In: Spitzer, L. Études de Style. Paris, Gallimard, 1970.

DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial 4.0 (CC BY-NC 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, exceto os comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.