A arte como espaço de decolonização do conhecimento:
análise de três performances de Grada Kilomba
Resumo
O presente artigo pretende problematizar as performances da artista interdisciplinar Grada Kilomba, denominadas Illusions e Plantation Memories: Episodes of Everyday Racism. Estas performances se propõem a analisar as relações entre a herança do colonialismo e da escravidão, bem como isso se reflete nas formas de subjetividade das pessoas negras. Assim, a apresentação aborda vivências de episódios cotidianos de racismo estruturado socialmente, tendo como enfoques principais a corporeidade da performance como possibilidade de decolonização do conhecimento. A discussão visa considerar algumas perguntas norteadoras sobre o nosso presente racial e nossa produção de saberes, tais como: O que é conhecimento? Que conhecimento tem sido parte das agendas acadêmicas? Quem pode ensinar esse conhecimento? Quem habita a academia? Quem está às margens? E, finalmente: Quem pode falar? A partir disso pretende-se pensar a performance como espaço híbrido que permite à artista produzir um trabalho que problematiza os conceitos de conhecimento e ciência como intrinsecamente relacionados ao poder e à autoridade racial, propondo uma resposta ao racismo que seria também uma produção de contra-poder. Nesse caso, as performances são possibilidades de repensar as questões raciais e buscar respostas para o problema do racismo estrutural. Serão utilizados como referencial, além da própria Grada Kilomba (2019), autores como Achille Mbembe (2016), Christina Sharp (2018), Silvia Federici (2017) e Diana Taylor (2016).
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Referências
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