A arte como espaço de decolonização do conhecimento:

análise de três performances de Grada Kilomba

  • Claudia Letícia Moraes UFMA/UnB
Palavras-chave: Decolonização do conhecimento. Performance. Interdisciplinaridade. Outridade.

Resumo

O presente artigo pretende problematizar as performances da artista interdisciplinar Grada Kilomba, denominadas Illusions e Plantation Memories: Episodes of Everyday Racism. Estas performances se propõem a analisar as relações entre a herança do colonialismo e da escravidão, bem como isso se reflete nas formas de subjetividade das pessoas negras. Assim, a apresentação aborda vivências de episódios cotidianos de racismo estruturado socialmente, tendo como enfoques principais a corporeidade da performance como possibilidade de decolonização do conhecimento. A discussão visa considerar algumas perguntas norteadoras sobre o nosso presente racial e nossa produção de saberes, tais como: O que é conhecimento? Que conhecimento tem sido parte das agendas acadêmicas? Quem pode ensinar esse conhecimento? Quem habita a academia? Quem está às margens? E, finalmente: Quem pode falar? A partir disso pretende-se pensar a performance como espaço híbrido que permite à artista produzir um trabalho que problematiza os conceitos de conhecimento e ciência como intrinsecamente relacionados ao poder e à autoridade racial, propondo uma resposta ao racismo que seria também uma produção de contra-poder. Nesse caso, as performances são possibilidades de repensar as questões raciais e buscar respostas para o problema do racismo estrutural. Serão utilizados como referencial, além da própria Grada Kilomba (2019), autores como Achille Mbembe (2016), Christina Sharp (2018), Silvia Federici (2017) e Diana Taylor (2016).

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Biografia do Autor

Claudia Letícia Moraes, UFMA/UnB

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura e Práticas Sociais da Universidade de Brasília (bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão - FAPEMA). Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal do Maranhão. Graduada em Letras - Licenciatura pela Universidade Federal do Maranhão. Professora Assistente da Universidade Federal do Maranhão, Campus São Bernardo - Licenciatura Interdisciplinar em Linguagens e Códigos, atuando na área de Língua Portuguesa com ênfase em estudos discursivos e literaturas de língua portuguesa. Revisora das revistas Cadernos de Pesquisa e RICs, ambas da Universidade Federal do Maranhão. Líder do Grupo de Pesquisa Literatura, Alteridade e Decolonialidade (UFMA). Integrante dos Grupos de Pesquisa Historiografia, cânone e ensino (UnB) e Estudos de Paisagem nas Literaturas de Língua Portuguesa (UFF-UFMA). Organizadora do I e do II Colóquio Interdisciplinar de Literatura e Cultura Negra do Baixo Parnaíba.

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Publicado
2020-12-01
Como Citar
Moraes, C. L. (2020). A arte como espaço de decolonização do conhecimento:. Revista Espaço Acadêmico, 20(226), 55-67. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/52851
Seção
DOSSIÊ - PENSAR NEGRO: Poéticas Ancestrais e Estéticas Contracoloniais