A herança de Ponciá Vicêncio:
curando os traumas coloniais no “escreviver” da literatura negra
Resumo
Este trabalho objetiva fazer uma discussão acerca das possibilidades do uso da literatura como um mecanismo de elaboração dos traumas coloniais que as pessoas negras adquiram dos tempos da escravização até agora. Nesse sentido, o mesmo está dividido em 4 partes. Na primeira parte, realizo uma breve revisão de literatura acerca da temática do trauma e tento buscar obras que tenham tratado dessa temática, mas articulado com as realidades das pessoas negras. Na segundo, discuto a especificidade do Racismo no Brasil, como uma forma de garantir que as questões levantadas neste trabalho fossem possíveis de serem colocadas no contexto brasileiro. Na terceira parte, realizo uma discussão acerca do “trauma colonial”, como forma de legitimar a literatura que vem emergindo acerca de tal temática. Por último, realizei uma análise da obra “Ponciá Vicêncio” de Conceição Evaristo, à luz das teorias e abordagens que foram discutidas nos tópicos anteriores. Assim, destaco a literatura como uma possibilidade de modificação e reconfiguração da língua portuguesa, para que assim, mais indivíduos consigam se apropriar e se relacionar com a mesma das mais variadas formas e longe das amarras coloniais.
Downloads
Referências
BARRETO, Lima. Recordações do escrivão Isaías Caminha. Editora Companhia das Letras, 2010.
BARRETO, Lima. O cemitério dos vivos. Editora Brasiliense, 1956.
BETTO, Frei. Cartas da prisão. Editora Companhia das Letras, 2018.
BICUDO, Virgínia Leone. Estudo de atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo. 1945. Tese de Doutorado. Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo (Instituição complementar da Universidade de São Paulo).
CARONE, Iray; BENTO, Maria Aparecida Silva. Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Editora Vozes Limitada, 2017.
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Takano Editora, v. 49, p. 49-58, 2003.
_______________. Mulheres em movimento. Estudos avançados, v. 17, n. 49, p. 117-133, 2003.
DOS SANTOS, Joel Rufino. Quando eu voltei, tive uma surpresa: cartas para Nelson. Rocco, 2000.
EVARISTO, Conceição. Becos da memória. Pallas Editora, 2017.
________________. Ponciá Vicêncio. Pallas Editora, 2017a.
FACINA, A. Silva, D. LOPES, A.C. “Introdução. Sobrevivência, linguagem e diferença: política no tempo do agora”. In: Lopes, A.C; Facina; Silva, D. Nó em Pingo d’água. Linguagem, Cultura e Sobrevivência. Rio de Janeiro: Mórula e Insular, 2019.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. SciELO-EDUFBA, 2008.
___________.Os Condenados da Terra. Rio de Janeiro, RJ: Editora Civilização Brasileira. 1979
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder: organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, v. 4, 1979.
FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. LeBooks Editora, 2017.
FREYRE, Gilberto; MONTENEGRO, Antônio. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1961.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo brasileiro, v. 92, n. 93, p. 69-82, 1988.
_______________. Racismo e sexismo na cultura Brasileña. Silva, Luiz Antonio. Movimentos sociais urbanos, minorías étnicas e outros estudos. ANPOCS. Brasilia, 1983.
JAFFE, Noemi; CARTUM, Leda; JOVANOVIC, Vojislav Aleksandar. O que os cegos estão sonhando?. Editora 34, 2012.
___________. Filhas da Sobrevivência. In: Lopes, A.C; Facina; Silva, D. Nó em Pingo d’água. Linguagem, Cultura e Sobrevivência. Rio de Janeiro: Mórula e Insular, 2019.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Editora Cobogó, 2019.
LEVI, Primo. É isto um homem. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.
LOPES, A.C, SILVA, D. N., FACINA, A., Calazans, R., Tavares, J., “Letramentos de Sobrevivência. Costurando Vozes e histórias. In: Lopes, A.C; Facina; Silva, D. Nó em Pingo d’água. Linguagem, Cultura e Sobrevivência. Rio de Janeiro: Mórula e Insular, 2019.
LIMA, Willian da Silva. Quatrocentos contra um: uma história do Comando Vermelho. Rio de Janeiro, Vozes, 1991.
MBEMBE, Achile. Necropolítica. Biopoder, Soberania e Estado de Exceção. Disponível em: < https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993/7169 Acesso em julho de 2019.
Morrison, Toni A origem dos outros : Seis ensaios sobre racismo e literatura / Toni Morrison ; tradução Fernanda Abreu ; prefácio Ta-Nehisi Coates. — 1a ed. — São Paulo : Companhia das Letras, 2019.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Editora Perspectiva SA, 2016.
FERNANDES, Florestan; BASTIDE, Roger. Brancos e negros em São Paulo. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2015.
FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. 2006.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Schmidt, 1938.
RAMOS, Graciliano. Memórias do Cárcere(vol.I); prefácio de Nelson Werneck Sodré, ilustrações de Percy Deane, 31º ed., São Paulo, Record, 1994.
RATTS, Alex. Eu sou atlântica. Sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto, 2006.
DOS REIS, Maria Firmina. Úrsula. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2018.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2015.
RODRIGUES, Raymundo Nina. Os africanos no Brasil. 2010.
ROMERO, Sílvio. Historia da literatura brasileira: diversas manifestações na prosa, reações anti-romanticas na poesia. Tomo quinto. Livraría José Olympio, 1943.
SELIGMAN-SILVA, Marcio. Narrar o trauma – a questão do testemunho de catástrofes históricas. Psic. Clin., Rio de Janeiro, vol.15, n.2, p.x /y, 2003.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro. LeBooks Editora, 2019.

DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial 4.0 (CC BY-NC 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, exceto os comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.