A branquitude, em fragmentos de um revés, fantasia uma infância do mundo
Resumo
Queremos refletir de que modo a branquitude - enquanto metáfora do poder, para citar James Baldwin – cria para si, e para os grupos não-brancos, lugares que não se estruturam de forma relapsa ou descompromissada: a branquitude, nesse movimento, visa alimentar o sistema de dominação racista da qual se beneficia secularmente. Para isso, exploraremos, aqui, uma das fábulas desse sistema de dominação que jubjulga as comunidades negras, lendo-as como incapazes de gerência autônoma de suas próprias vidas e de participação lúcida, ativa e determinante na existência e no funcionamento do mundo. Essa quimera também é produtora daquilo que resulta como uma supremacia e, além dos efeitos dessa fabricação, ela também é responsável por ratificar a incapacidade dos outros grupos em detrimento a ela mesma. O efeito disso é, além de uma grande adulteração sobre a vida de outrem, a sua própria sofre com um crasso erro de identificação, já que ela toma a si mesma como o oposto daquilo que transfere como condições intrínsecas de outros grupos.
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Referências
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