Maquiavel:

um herdeiro provável da tradição literária do espelho do príncipe ou autor de um manifesto?

  • Denise dos Santos Rodrigues Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Palavras-chave: O Prncipe. Espelho. Virtudes. Vicios. Exortação.

Resumo

Este artigo tem como objetivo refletir sobre a plausibilidade da classificação de O Príncipe, o mais famoso texto de Maquiavel no campo da Filosofia Política, como um exemplar da tradição literária dos espelhos do príncipe, muito popular, sobretudo na Idade Média e no Renascimento.  Trata-se de um gênero literário assim denominado por sua intenção de refletir estrategicamente uma imagem de governante ideal cujas qualidades deveriam ser observadas e reproduzidas pelo povo criando um reino harmônico; como um tipo de propaganda institucional que daria sustentabilidade política ao governante.  Os aspectos diferentes dessa proposta nos leva a questionar se Maquiavel rompe com a tradição ou cria uma nova variante desse gênero literário.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALTHUSSER, Louis. Solitude de Machiavel. In: Solitude de Machiavel et autres textes, Paris: Presse Universitaire de France, 1998, pp.311-324.

BORN, Lester K. The specula Principis of the Carolingian Renaissance. Revue Belge de Philologie et Histoire, n. 12, 1933, pp.583-612.

BRADLEY, Ritamary. Backgrounds of The Speculum in Mediaeval Literature. Medieval Academy of America, Speculum, v.29, n.1, Jan., 1954, pp.100-115.

BREINER, Peter. Machiavelli´s “new prince” and the Primordial Moment of acquisition. Political Theory, 2008, pp.36-68.

BUESCU, Ana Isabel. Um Discurso sobre O Príncipe: a “Pedagogia Especular em Portugal no Século XVI. In.: Penélope, n. 17, Lisboa: Cosmos, 1997, pp.33-50.

BURKE, Harry R. Audience and Intention in “Machiavelli´s The Prince and Erasmus” Education of a Christian Prince, Erasmus of Rotterdam Yearbook, n.4, 1984, pp.84-93.

CORTINA, Arnaldo. O príncipe de Maquiavel e seus leitores. Uma investigação sobre o processo de leitura. São Paulo, Editora UNESP, 2000.

DE GRAZIA, Sebastian. Machiavelli in Hell. USA, Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1989.

GILBERT, Allan H. Machiavelli´s “Prince and its Forerunners: “The Prince” as a Typical Book “de RegiminePrincipum”. The American Historical Review, vol. 45, n. 1, Oct., 1939, pp. 116-117.

GILBERT, Felix. On Machiavelli´s Idea of Virtu.Renaissance News, vol. 4, n. 4, Winter 1951, pp. 53-55.

______. The Humanist concept of the Prince and the Prince of Machiavelli. The Journal of Modern History, vol. 11, n. 4, Dec. 1939, pp.449-483.

KAHN, Victoria. Virtù and the Example of Agathocles in Machiavelli´s Prince. Representation, n.13, Winter 1986, pp.63-83.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Tradução de Maria Júlia Goldwasser. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 182 p.

______. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Tradução MF. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 471 p.

NOGALES RINCÓN, David. Los espejos de príncipes em Castilla (siglos XIII-XV): um modelo literario de La realeza bajomedieval. Medievalismo: Boletin de la Sociedad Española de Estudios Medievales. Ano 16, n. 16. Madrid, 2006. pp.9-39.

RODRIGUES, Denise S. Da Manutenção do poder à Promoção da liberdade: uma investigação filosófica sobre a relação entre O Príncipe e os Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio, de Maquiavel. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ, 2017.

SCHNEEWIND, Jerome B.. Pondo a religião de lado: republicanismo e ceticismo. A invenção da Autonomia. São Leopoldo: Unisinos, 2005, pp.63-69.

SENELLART, Michel. As artes de governar: do regimen medieval ao conceito de governo. Trad.: Paulo Neves. São Paulo: Ed. 34, 2006.

SKINNER, Quentin. Maquiavel. Porto Alegre: L&PM, 2010.

SKINNER, Quentin. As fundações do pensamento político moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Publicado
2020-06-07
Como Citar
Rodrigues, D. dos S. (2020). Maquiavel:. Revista Espaço Acadêmico, 20(222), 45-59. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/53842
Seção
Dossiê: Conexões entre Filosofia e Literaturas: dos antigos à atualidade