Lélia Gonzalez:
a amefricanidade como contributo para a construção de uma nova epistemologia
Resumo
O presente artigo tem como objetivo analisar a categoria político-cultural da Amefricanidade, concebida pela intelectual Lélia Gonzalez, e seu potencial epistemológico para reorientar as investigações nas ciências sociais. Com a categoria político-cultural de Amefricanidade Gonzalez ousou fazer uma crítica radical da razão eurocêntrica. Como sujeita de seu próprio discurso, realizando um descentramento epistêmico, nos propôs uma nova perspectiva cientifica para compreensão da experiência vivida por negros(as) da diáspora nas Américas a partir de suas próprias categorias. Em sua obra, a crítica ao colonialismo e eurocentrismo é realizada por uma postura afrocêntrica, construída a partir da experiência diaspórica comprometida com o rompimento com o colonialismo imperialista. Metodologicamente o trabalho foi realizado por meio de uma revisão bibliográfica da obra de Gonzalez em diálogo com o campo teórico afrocêntrico. Como resultado, avaliamos que uma epistemologia amefricana permite interromper o processo de interpretação do mundo e sobretudo das experiências negras a partir de uma matriz eurocêntrica e nos oferece a senha para criar conceitos, categorias, metodologias e teorias epistemologicamente amefricanocentradas.
Downloads
Referências
BAIRROS, Luiza. Lembrando Lélia Gonzalez. In: Afro-Ásia 23; Salvador. 1999, p. 347-368.
BARRETO, Raquel Andrade. Enegrecendo o feminismo ou feminizando a raça: narrativas de libertação em Ângela Davis e Lélia Gonzalez. Dissertação (mestrado em história). Departamento de História da PUC - Rio, Rio de Janeiro (RJ), 2005.
__________. Introdução. Lélia González, uma intérprete do Brasil. In: GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras: Lélia González em primeira pessoa. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018.
BHARGAVA, Rajeev. Overcoming the Epistemic Injustice of Colonialism. Global Policy Volume 4 . Issue 4 . November 2013.
BLACKBURN, Simon. Dicionário OXFORD de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
CABRAL, Amilcar. Unity & Struggle. Speeches and Writings. Second Edition. Pretoria: United Press, 2008.
CARNEIRO, Sueli. Lélia González: o feminismo negro no palco da história. Brasília: Abravídeo, 2014.
CARDOSO, Cláudia Pons. Amefricanizando o feminismo: o pensamento de Lélia Gonzalez. Estudos Feministas, Florianópolis, 22(3): 320, setembro-dezembro/2014
COLLINS, Patricia Hills. Pensamento feminista negro: pensamento, consciência e a política de empoderamento. São Paulo: Boitempo, 2019.
DIOP, Cheikh Anta. Civilization or barbarism. An authentic anthropology. Chicago: Lawrence Hills Book, 1991.
FANON, Frantz. Pele negra máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. – Salvador: EDUFBA, 2008.
GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras: Lélia González em primeira pessoa. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018.
________. Entrevista – Lélia Gonzalez. Jornal do MNU, 19, jul./ago.1991, p. 8-9.
_________. Por un feminismo afrolatinoamericano. Santiago, Revista Isis International. Vol. IX, junio, 1988a, Chile, MUDAR/DAWN, p. 133-141.
_________. A categoria político-cultural de amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, Nº. 92/93 (jan./jun.). 1988b, p. 69-82.
_________. Nanny. Revista Humanidades. v. 17, ano IV. Brasília, Universidade de Brasília, 1988c p.
23-25.
_________. Mulher Negra. Afrodiáspora, Rio de Janeiro: IPEAFRO, v.3, n.6/7, 1985, p. 94-104, abr./dez.
_________. Racismo e sexismo na cultura brasileira. São Paulo, ANPOCS, Ciências Sociais Hoje, 2. ANPOCS, 1983a, p. 223-244.
_________. O movimento negro na última década. In: GONZALEZ, Lélia & Hasenbalg, Carlos. Lugar de negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982a, p. 09-66.
_________. A mulher negra na sociedade brasileira. In: Luz, Madel (Org.) O lugar da mulher: estudos sobre a condição feminina na sociedade atual. Rio de Janeiro: Graal, 1982b, p. 87-104.
_________. Mulher Negra: um retrato. Jornal O Lampião, n. 4. Rio de Janeiro, abril de 1979.
_________. A questão negra no Brasil. In: Cadernos Trabalhistas. São Paulo: Global Editora, 1980.
HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 7-42, 1995.
MUDIMBE, V. Y. A invenção de África. Gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Luanda: Edições Pedagogo/Edições Mulemba, 2013.
NASCIMENTO, Gabriel. Racismo Linguístico. Os subterrâneos da linguagem e do racismo. Belo Horizonte: Letramento, 2019.
PIRES, Thula Rafaela de Oliveira. Por uma concepção Amefricana de direitos humanos. In: Clarissa Brandão e Enzo Bello. (Org.). Direitos Humanos e Cidadania no Constitucionalismo Latino-Americano. 1ed.Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016, v. , p. 235-255.
RABAKA, Reiland. Teoria Crítica Africana. NASCIMENTO, Elisa Larkin (Org.). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.
RATTS, Alex; RIOS, Flavia. Lélia Gonzalez. São Paulo: Selo Negro, 2010. (Coleção Retratos do Brasil Negro).
SANTOS, Richard. Branquitude e televisão. A nova (?) África na TV pública. Rio de Janeiro: Editora Gramma, 2018.
________. Maioria Minorizada. Um dispositivo analítico de racialidade. Rio de Janeiro: Telha, 2020. (No prelo).
VIANA, Elizabeth do Espírito Santo. Relações raciais, gênero e movimentos sociais: o pensamento de Lélia Gonzalez (1970 – 1990). Dissertação (mestrado em história comparada) - Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (RJ).2006

DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial 4.0 (CC BY-NC 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, exceto os comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.