Abrir-se à hora:

reflexões sobre as poéticas de um tempo-sol (Ntangu)

  • Tiganá Santana Universidade Federal da Bahia
Palavras-chave: Filosofia africana, Bantu-Kongo, Bunseki Fu-Kiau, Diáspora negra, Temporalidade

Resumo

Este texto aspira a refletir sobre alguns aspectos marcantes na filosofia africana bantu-kongo referentes à temporalidade. Verifica-se, nesta, uma interpretação do sol (ntangu), enquanto fazedor de eventos no mundo — eis, portanto, a sua poética — dentro da leitura dos estágios ontológicos propostos pelo cosmograma kongo (dikenga dia kongo). Há uma presença significativa desse pensar — aqui intermediado, principalmente, pelo pensador congolês Bunseki Fu-Kiau — noutras matrizes que se construíram na diáspora negra (notadamente, no Brasil), conforme se pode verificar em realidades trazidas à tona por pensadoras como a nengwa Zulmira de Zumbá. Estabelecem-se, no texto, conexões entre tal pensamento africano, manifestações diaspóricas, como candomblés de linhagem congo-angola, e entre como, numa ideia bantu-kongo de verticalidade e horizontalidade, pessoas podem intervir no mundo, abrindo horas no espaço-tempo. É preciso distinguir a hora aberta pelo tempo-sol e a ação ético-inventiva de abrir a hora.

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Biografia do Autor

Tiganá Santana, Universidade Federal da Bahia

Professor Adjunto do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof.Milton Santos (IHAC) - Universidade Federal da Bahia (UFBA), é doutor em Letras pelo Programa de Estudos da Tradução do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente, realiza pesquisa de pós-doutorado  no Instituto de Estudos Brasileiros/USP. É, também, músico e poeta. 

Referências

COBE, Francisco Narciso. Novo dicionário português kikongo. Luanda: Mayamba, 2010.

FU-KIAU, Kimbwandende kia Bunseki. Makuku Matatu: les fondements culturels bantu chez les kongo. Datiloscritos.

MACGAFFEY, Wyatt. Religion and society in Central Africa: the Bakongo of Lower Zaire. Chicago: University of Chicago Press, 1986.
Publicado
2020-11-13
Como Citar
Santana, T. (2020). Abrir-se à hora:. Revista Espaço Acadêmico, 20(225), 04-13. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/53999
Seção
DOSSIÊ - Pensar Negro: ancestralidades e práticas de saber(es)