Ôrí na perspectiva de gnose liminar:

formas de existência fora do jugo colonial

  • Rodrigo Ferreira dos Reis UDESC
Palavras-chave: Beatriz Nascimento. Orí. Documentário. Jugo colonial.

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar possíveis interlocução entre o conceito de Ori produzido pela historiadora Beatriz Nascimento e o conceito de gnose liminar idealizado pelo Walter Mignolo. Para esta análise escolhemos como fontes, o documentário produzido por Raquel Gerber narrado por Beatriz Nascimento “Ori” e a produção bibliográfica de Walter Mignolo. Ôrí para autora significaria uma inserção a um novo estágio da vida, um novo encontro para os negros em diáspora, uma posição subjetiva entre um passado em África e um futuro que se projeta aqui, fora da lógica colonial. Já a ideia de gnose, tal como usada por Mignolo é esse espaço aberto para os saberes marginalizados pelo ocidente. Como pensamento fronteiriço é exatamente um saber que atua lá e aqui ao mesmo tempo em transito. Assim, a intenção é pensar através destes dois conceitos articulações para novas formas de existências negras fora do jugo colonial.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo Ferreira dos Reis, UDESC

Mestre e graduado em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina; é pesquisador associado do Laboratório AYA Estudo Decoloniais e Pós-coloniais. 

Referências

ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Fundo Maria Beatriz Nascimento – (2D): Instrumento Provisório dos Documentos Textuais. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2018.
ANTONACCI, Maria Antonieta. Memórias ancoradas em corpos negros. São Paulo: Editora da PUC-SP, 2013.
BATISTA, Wagner Vinhas. Palavras sobre uma historiadora transatlântica: estudo da trajetória intelectual de Maria Beatriz Nascimento. 2016. 279 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história. São Paulo: Brasiliense, 2012.
BERNARDINO-COSTA, Joaze. A prece de Frantz Fanon: Oh, meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona! Civitas: Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 16, n. 3, p. 504-521, jul./set. 2016.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
CERTEAU, Michel de. História e Psicanálise: entre ciência e ficção. Trad. de GuilhermeJ. de Freitas Teixeira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. 256 p.
GLISSANT, Édouard. Introdução a uma Poética da Diversidade. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2005.
HAMPATÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph (Coord.). História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. Brasília: UNESCO, 2010.
HAMPATÊ BÁ. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph (Coord.). História geral da África: metodologia e pré-história da África, I. São Paulo: Ática, 1982.
MIGNOLO, Walter. Historias locales/disenos globales: colonialidad, conocimientos subalternos y pensamiento fronterizo. Madrid: Akal, 2003.
MIGNOLO, Walter. Desobediência epistémica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF, n. 34, 287-324, 2008.
MOREIRA, Fayga Rocha. Pensar os intelectuais: desde a pós-colonialidade e a partir das políticas culturais contemporâneas. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE POLÍTICA CULTURAIS, 2., 2011, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa, 2011.
MUDIMBE, Valentin-Yves. A invenção da África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Florianópolis: UFSC, 1998.
NASCIMENTO, Beatriz. Todas (as) distâncias: poemas, aforismos e ensaios de Beatriz Nascimento. In: RATTS, Alex; GOMES, Bethânia. (Orgs.). Todas (as) distâncias: poemas, aforismos e ensaios de Beatriz Nascimento. Salvador: Editora Ogum’s Toque Negros, 2015.
ÔRÍ. Direção de Raquel Gerber. Brasil: Estelar Produções Cinematográficas e Culturais Ltda, 1989, vídeo (131 min), colorido. Relançado em 2009, em formato digital. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Novos rumos, ano 17, n. 37, p. 1-25, 2002.
RATTS, Alex. Eu sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.
RICOEUR, Paul.Tempo e narrativa (tomo1). Campinas: Papirus, 1994.
RICOEUR, Paul.A representação historiadora. In: RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas/SP: Unicamp, 2007.
RUFINO, Luiz. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.
REIS, Rodrigo Ferreira dos. Ôrí e memória: o pensamento de Beatriz Nascimento. Sankofa: Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana, Ano XIII, n. 23, p. 9-24, abr. 2020.
SODRÉ, Muniz. A Narrativa do fato: notas para uma teoria do acontecimento. 2. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
Publicado
2021-03-06
Como Citar
Reis, R. F. dos. (2021). Ôrí na perspectiva de gnose liminar:. Revista Espaço Acadêmico, 20(227), 99-110. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/54011
Seção
Dossiê - PENSAR NEGRO: Espiritualidade, Políticas e Tecnologias Ancestrais