Ôrí na perspectiva de gnose liminar:
formas de existência fora do jugo colonial
Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar possíveis interlocução entre o conceito de Ori produzido pela historiadora Beatriz Nascimento e o conceito de gnose liminar idealizado pelo Walter Mignolo. Para esta análise escolhemos como fontes, o documentário produzido por Raquel Gerber narrado por Beatriz Nascimento “Ori” e a produção bibliográfica de Walter Mignolo. Ôrí para autora significaria uma inserção a um novo estágio da vida, um novo encontro para os negros em diáspora, uma posição subjetiva entre um passado em África e um futuro que se projeta aqui, fora da lógica colonial. Já a ideia de gnose, tal como usada por Mignolo é esse espaço aberto para os saberes marginalizados pelo ocidente. Como pensamento fronteiriço é exatamente um saber que atua lá e aqui ao mesmo tempo em transito. Assim, a intenção é pensar através destes dois conceitos articulações para novas formas de existências negras fora do jugo colonial.
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