Umbandas:

tradições, mito e tensões

  • Adilson Meneses da Paz Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA
  • Ana Cristina Muniz Décia Universidade Federal da Bahia - UFBA
Palavras-chave: Religiosidades Afrobrasileiras, Mito Fundador, Umbanda

Resumo

Este artigo se propõe à tarefa de compreender as forjas históricas que formam os territórios religiosos das Umbandas, refletindo sobre os diálogos étnicos e culturais que se desdobram na formação do campo Umbandístico. A paisagem dos manifestos religiosos do século XVI ao século XX é o espectro que delineia resistências e cooperações, forjando uma ontologia da umbanda que dialoga com uma diversidade de cosmovisões. Propomo-nos, ainda, a pensar sobre as implicações da narrativa do mito de origem que se forja a partir de um discurso único, georreferenciado no sudeste do país e protagonizado por Zélio de Moraes, em detrimento de outras narrativas que estavam fora desse território hegemônico de produção de discurso. Portanto, reconhecemos que um modelo único de narrativa mítica apaga as multiplicidades e plasticidades que singularizam as Umbandas.

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Biografia do Autor

Adilson Meneses da Paz, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA

Doutor pelo do Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento pela Universidade Federal da Bahia (2019), possui Mestrado em Educação - Université du Québec à Chicoutimi (2004) e Graduação em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia (1996). Atualmente é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, Coordena a área de Filosofia e Ciência Humanas do Campus Santo Amaro/BA. Atua como pesquisador nos seguintes temas: filosofia, educação, religiões afrobrasileiras, umbanda.

Ana Cristina Muniz Décia, Universidade Federal da Bahia - UFBA

Possui doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (2013), mestrado em Ciência da Informação (2005) e graduação em Secretariado Executivo  (1990) pela Universidade Federal da Bahia. Sua trajetória interdisciplinar inclui a especialização em Administração pela UFBA (1997); formação em coordenação de Grupo Operativo (psicologia social pichoniana) pelo Núcleo de Psicologia Social da Bahia (1999); especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça pela Universidade de Brasília (UnB - 2014); e capacitações na área de Avaliação Institucional de cursos de graduação, atuando como Avaliadora de cursos de graduação do Ministério da Educação (2014 a 2016) e Membro da Comissão Assessora da área do Enade (MEC/INEP - 2018). Atuação desde 2006 como Professora adjunto IV, pesquisadora e gestora acadêmicana Universidade Federal da Bahia, participando de Comissão permanente e Conselhos acadêmicos. Tem experiência na área de Gestão Acadêmica, Gestão Social, Processo Grupal (grupo operativo), Secretariado Executivo, Educação Superior, Avaliação Institucional com ênfase em Políticas Públicas, atuando principalmente nos temas: gestão da informação, pesquisa em secretariado, educação superior, ações afirmativas, assistência estudantil, gênero e relações etnicorraciais.

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Publicado
2021-03-06
Como Citar
Paz, A. M. da, & Décia, A. C. M. (2021). Umbandas:. Revista Espaço Acadêmico, 20(227), 87-98. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/54019
Seção
Dossiê - PENSAR NEGRO: Espiritualidade, Políticas e Tecnologias Ancestrais