Estudantes negras são mais que páginas em branco:

pedagogias anti-discriminatórias para justiça social

  • Cecilia Barreto de Almeida Universidade de São Paulo
Palavras-chave: Educação; Lei 10.639/2003; Movimento Negro; Pedagogia para justiça social; Pedagogia decolonial e multirracial.

Resumo

Este artigo se propõe a refletir sobre as conquistas do movimento negro no campo da educação, mais detidamente com o advento da Lei n° 10.639/2003, que alterou a Lei n° 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), e determinou a inclusão de estudos da história e cultura africanas e afro-brasileiras nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados. Verifica-se, contudo, que apenas a alteração de conteúdos programáticos não é suficiente para combater o racismo e a discriminação nas escolas e universidades. Deste modo, inicia-se a reflexão sobre a educação como caminho para mudança social, afastando-se de uma concepção bancária de ensino, na qual as estudantes são vistas como meras páginas em branco a serem preenchidas por conteúdo. Discute-se, ademais, diferentes pedagogias, destacando-se as multirraciais e decoloniais, como alternativas para a promoção da justiça social por meio da educação. O trabalho de pesquisa e redação tem a epistemologia feminista como pressuposto, o que se reflete no uso do feminino universal na escrita.

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Biografia do Autor

Cecilia Barreto de Almeida, Universidade de São Paulo

Doutoranda e Mestra (2020) em Direito Constitucional pela Universidade de São Paulo. Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Estudos de Inclusão na Academia (GPEIA) e do Núcleo Direito, Discriminação e Diversidade (DDD), vinculados à USP. 

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Publicado
2021-03-06
Como Citar
Almeida, C. B. de. (2021). Estudantes negras são mais que páginas em branco:. Revista Espaço Acadêmico, 20(227), 238-249. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/54021