Contemporaneidade e decolonialismo:
notas para uma práxis crítica e situada para a Psicologia Social
Resumo
O artigo problematiza pressupostos de um pensamento decolonial e destaca a sua importância nos processos de formação da psicologia brasileira, principalmente no que se refere à descolonização, ainda que parcial, de estratégias de produção hegemônica do conhecimento e de modos representacionais (coloniais) de subjetivação. Para articular este debate, dialoga-se, mais especificamente, com partes das obras de Bhabha, Mbembe, Grosfoguel, Dussel e Spivak, bem como dos pesquisadores brasileiros Alves e Delmondez, Ballestrin e Miglievich-Ribeiro. Concluiu-se, provisoriamente, que os estudos decoloniais articulam perspectivas engajadas de produção de conhecimento, na medida em que analisam, de modo crítico e localizado, a impregnação da racionalidade colonial nos modos como produzimos conhecimentos no Brasil e, mais especificamente, na formação da psicologia brasileira. Ressalta-se, por fim, a importância ética da produção de saberes transfronteiriços que possibilitem outros modos de pensar e atuar no campo psi.
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