O ambiente doméstico como lugar do crime de feminicídio:
diálogos entre os dados do período da pandemia Covid-19 e o conto “Porém igualmente”, de Marina Colasanti
Resumo
Neste artigo, nos propomos a analisar de que modo o conto “Porém igualmente” de Marina Colasanti, assim como os dados do período da Pandemia COVID-19, denunciam que o ambiente doméstico se constitui como o lugar do crime por excelência do feminicídio. A metodologia utilizada consiste na leitura analítico-discursiva da narrativa e da análise de dados relativos à violência doméstica e familiar contra a mulher e especificamente ao feminicídio durante o período de isolamento social por ocasião da Pandemia COVID-19. A narrativa analisada e os dados que demonstram o aumento da violência doméstica e de feminicídios neste período escancaram uma nefasta realidade de milhares de mulheres: a casa se apresenta como um espaço de violência e opressão para as mulheres, que sob a falácia da proteção da intimidade e privacidade familiar, têm o seu sofrimento cotidiano invisibilizado e que conforme os dados evidenciam, não raramente culmina com o feminicídio.
Palavras-chave: Texto literário. Denúncia social. Feminicídio. Espaço Doméstico.
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Referências
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