Gênero:

categoria útil para análise política de enfrentamento à violência contra mulher

Palavras-chave: Casa da Mulher Brasileira; Gênero; Política; Estado; Violência sexual

Resumo

As mulheres que sofrem violência sexual são invisíveis, ou invisibilisada, portanto para ter seu direito reconhecido devem ser “localizadas”, “encontradas” ou virar visíveis ao Estado. O Brasil registra 180 casos de estupro por dia (IPEA, 2019). O Nordeste é uma das regiões do país que lidera esse ranking. Na contramão dessa realidade, o Maranhão é um dos estados com os menores índices desse tipo de violência. Em São Luís/MA existe a Casa da Mulher Brasileira. A Casa é a única do Nordeste em atividade, trata-se de um espaço público que concentra tanto serviços do poder judiciário, quanto serviços de atendimento psicossocial e inclusão ao mercado de trabalho. Este artigo, portanto, busca tencionar as categorias: Estado, Violência e Gênero, com o objetivo de pensar, a partir de uma perspectiva etnográfica, na capilaridade do serviço e na plasticidade dos seus administradores no uso das novas leis e novas formas de servir, além de pensar como as redes são construídas, como a instituição interpreta, gera e classifica a realidade da violência, além de moldar sujeitos aos seus processos, a partir da verificação do vestígio, construção da materialidade e indiciamento. Sendo movido pelas perguntas: Quem pode desejar o Estado? Como se formam as novas tecnologias de governo? E quais abusos podem ser compreendidos enquanto crime? A pesquisa estar ancorada nos diálogos da Antropologia da Política, Antropologia do Estado, Antropologia Jurídica e Antropologia do Corpo, Gênero e Sexualidade.

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Biografia do Autor

Maynara Costa de Oliveira Silva, UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Doutoranda em Ciências Sociais (PPGCSOC/UFMA). Mestra em Antropologia Social (PPGAS/UFRN). Bacharela em Direito pela Faculdade de Natal Estácio de Sá. Advoga na seara do Direito Público. Professora do curso de Direito das Faculdade Pitágoras São Luís/MA e Faculdade Estácio São Luís. Atuou como membro da Comissão de Diversidade Sexual e Combate a Intolerância da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Rio Grande do Norte. Foi Vice-Presidenta do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Norte, e auditora da Comissão Disciplinar Desportiva da Secretária do Estado do Esporte e do Lazer do Rio Grande do Norte. Atua nos seguintes grupos: Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Diversidade Sexual, Gênero e Direitos Humanos (TIRÉSIAS/UFRN), na Base de Pesquisa: Gênero, Corpo e Sexualidades(DAN/PPGAS/UFRN), no Laboratório de Antropologia da Política (LEAP/UFMA/UEMA), no Grupo de Pesquisa QUIMERA (CCH/IFMA) e coordena as atividades do Grupo de Pesquisa em Direitos Humanos, Violência de Gênero e Sexualidade (Div@s/Faculdade Estácio São Luís) . Dedica-se a área de estudo da Corporalidade, Gênero, sexualidade; Direitos reprodutivos e Direitos humanos; Direitos, saúde e Políticas Publicas dos povos indígena; Educação e diversidade étnico-racial.

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Publicado
2021-06-26
Como Citar
Silva, M. C. de O. (2021). Gênero:. Revista Espaço Acadêmico, 21(229), 111-121. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/55149