Pedagogia da Esperança revisitada:

um encontro entre Paulo Freire e o filósofo Ernst Bloch

Palavras-chave: Educação; Utopia Concreta; Ontologia.

Resumo

Neste artigo analisa-se e discute-se historicamente o conceito de esperança como categoria ontológica, na filosofia de Ernst Bloch e na pedagogia de Paulo Freire. Na atual conjuntura política, ética e cultural, falar de utopia e esperança torna-se fundamento categórico na área da educação e do ensino. Ao articular dialeticamente os sonhos, as utopias e as esperanças a uma práxis social, os autores desnudam seu oposto, isto é, põem às claras os mecanismos ideológicos de uma sociedade reificada e estratificada. Como contraponto à ideologia, as utopias abrem as portas da educação e da história para o novo mundo, com novas possibilidades e em eterna construção; afinal é este o lugar ideal para discutir a educação e o ensino: o devir, o novum, a formação do ser humano ainda incompleto. A fundamentação concreta da esperança e da utopia – relacionadas à pedagogia, à psicanálise, à filosofia e à história – permite pensar em novas concepções de tempo e de historicidade opostas à lógica do capital.

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Biografia do Autor

Rui Sousa, UEM

Graduado em História pela Universidade Estadual de Maringá (Uem), em Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa (Fael), Mestre em História, área de Política e Movimentos Sociais (Uem). Atualmente realiza o Doutorado em Educação, na linha de pesquisas de Ensino e formação de professores, pela Uem (2019-2021).Tem experiência na área de História, com ênfase em História Moderna, Contemporânea e História do Brasil; projetos de pesquisa na área de História Política relacionados à sociologia das Religiões e sociologia da Infância. Faz parte do grupo de pesquisas sobre "Teoria Crítica, formação cultural e educação" da Uem, tendo como centro de análise o filósofo Walter Benjamin e outros pensadores relacionados ao Instituto de Pesquisa Social ou Escola de Frankfurt.

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Publicado
2021-11-01
Como Citar
Sousa, R. (2021). Pedagogia da Esperança revisitada: . Revista Espaço Acadêmico, 21(231), 258-272. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/55611