Biopoder e necropolítica:
os mecanismos estatais de controle sustentados na diferença racial
Resumo
O escopo do presente artigo é elucidar uma leitura das categorias biopoder e necropolítica, destacando como estas possibilitam a compreensão das diversas dimensões do racismo na sociedade brasileira. Refletir sobre o poder, como instituto de dominação, é fulcral no processo de análise das maneiras como este se manifesta em rede. Assim, seja pelo poder disciplinar, que tem como finalidade a aplicação de técnicas sobre o corpo, operacionalizando mediante a vigilância constante com viés punitivo, seja pelo biopoder exercido sobre uma determinada população, sobrepondo-a em camadas divisórias de controle de grupos, promovendo a exclusão daqueles não disciplináveis ou através da necropolítica, o controle estatal é exercido através da classificação racial dos grupos. Passa, impreterivelmente, por esses meandros a fabricação da morte, concernente à possibilidade de deixar morrer determinadas populações a partir da categoria raça.
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