Exu em "Dança das Cabaças"
Resumo
Utilizo-me do documentário “Dança das Cabaças”, dirigido por Kiko Dinucci (2003), com vistas a ampliar narrativas e provocações acerca de Exu. O filme em tela, marca a estreia do músico e artista plástico Dinucci nos cinemas, apresentando vertentes diversas das religiões afrodescendentes de tradição Nagô, Gegê, Bantu, Tambor de Mina, passando pela Umbanda e Quimbanda. Trata-se de documentário poético que intenta investigar a divindade africana Exu no imaginário popular brasileiro, na contramão de uma retórica reativa, presente no Brasil. Minha leitura de Exu em “Dança das Cabaças” questiona a esquizofrenia presente em respostas de transeuntes acerca de Exu, problematizando esse discurso como colonial, branco, patriarcal, judaico-cristão, efeitos de uma construção fóbica e racista. Por meio de uma metodologia de análise e interpretação para uma “não-resposta”, a qual questiona os conceitos da tradição filosófica, numa inequívoca resistência ao imperativo cartesiano de redução e separação, trabalho com um pensamento aporético, que mantém a dúvida sobre Exu.
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Referências
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