“Nada será como antes”...
Provocações clínico-políticas para um por vir
Resumo
O Coronavírus como uma experiência planetária coloca em destaque aquilo que o neoliberalismo tende a negar sobre as precariedades presentes nos atuais modos de vida: fome, desigualdade, insustentabilidade afetiva e violência. Cada uma dessas precariedades é operada ao lado de uma política governamental pautada no medo e na gestão da insegurança, atrelados à lógica da escassez. Questiona-se: será que o Coronavírus será capaz de abalar algumas das certezas naturalizadas nesse mundo enfermo? Para traçar algumas respostas buscamos a companhia de quem mantém um contato direto com a natureza, recorrendo à perspectiva crítica de Krenak e à antropologia reversa de Kopenawa. Este último nos caracteriza como povos da mercadoria: “que dormem muito, mas só sonham consigo mesmos”. Analisaremos quais afetos foram criados no contexto pandêmico bem como a disponibilidade e abertura para atuar clínica e politicamente na construção de uma sustentabilidade afetiva aberta a novos horizontes desejantes de um por vir.
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