Encontro com os territórios tradicionais:
possibilidades para habitar uma terra devastada
Resumo
Este ensaio busca realizar uma análise crítica da crise pandêmica, apontando que a chamada crise é o efeito do projeto civilizatório moderno, colonial e extrativista, o qual coloca em relevo os limites do Antropoceno e suas tentativas falaciosas de reacomodar e normalizar essas situações-limite em um lugar comum do dito novo normal. Ao contrário de uma suposta crise, as comunidades tradicionais resistem a esse projeto moderno/colonial há mais de 520 anos e apresentam, diante da pandemia, novas alternativas que deslocam a visão do antropoceno para horizontes de vidas compartilhadas, práticas compostas com a natureza e formas de habitar uma terra devastada. Com base nas cosmovisões dos povos tradicionais e dos encontros estabelecidos com eles, levantamos possibilidades de como reconhecer as destruições já produzidas pela modernidade e como habitar essa terra devastada com os outros, como alternativas à construção de outras possibilidades de convivência já presentes em nossa realidade.
Downloads
Referências
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
FOUCAULT, Michel. Estratégia, poder, saber. Ditos e Escritos IV. Paris: Gallimard, 2012.
GALINDO, Dolores; MILIOLI, Danielle. Para esquecer futuros salvíficos e permanecer com o problema. In: RASERA, Emerson; PEREIRA, Maristela; GALINDO, Dolores. Democracia participativa, estado e laicidade: psicologia social e enfrentamentos em tempos de exceção. Porto Alegre: ABRAPSO, 2017.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora UNESP, 1991.
HACKEO CULTURAL. Hackear la pandemia: estrategias narrativas en tiempos de COVID-19. 09 de abril de 2020. Disponível em: https://hackeocultural.org/hackearlapandemia/114/ . Acesso em: 05.05.2020.
HARAWAY, Donna. Staying with the Trouble: Making Kin in the Chthulucene. Durham, NC: Duke University Press, 2016.
KOPENAWA, David; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
KRENAK, Ailton. O eterno retorno do encontro. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
KRENAK, Ailton. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
LATOUR, Bruno. Diante de gaia. Oito conferências sobre natureza no antropoceno. São Paulo: UBU, 2020.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Analítica da colonialidade e decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón (orgs). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
MARTINS, Elemir S, MONFORT, Gislaine C. e GISLOTI, Laura J. Conhecimentos indígenas, autonomias e lutas anticoloniais Kaiowá e Guarani contra a necropolítica e o agronegócio. Revista Terra sem amos. Ano 1, n. 2, Dossiê Necropolítica na América Latina, pp 05-12, 2020.
TENÓRIO, Tanawy de Souza; FERNANDES, Saulo Luders. Etnia Xukuru-Kariri e as práticas populares no enfrentamento à Covid-19. Le mond Diplomatique Brasil. 2020. Disponível em: https://diplomatique.org.br/etnia-xukuru-kariri-e-as-praticas-populares-no-enfrentamento-a-covid-19/. Acesso em: 20.09.2020.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Prefácio. In COHN, Sérgio (ORG.). Ailton Krenak. Série Encontros. Rio de Janeiro: AZOUGUE, 2015.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O que está acontecendo no Brasil é um genocídio. 2020. Disponível em: https://www.n-1edicoes.org/textos/104 . Acesso em: 14.11.2020.
WALLACE, Rob, LIEBAM, Alex; CHAVEZ, Luís Fernando e WALLACE, Rodrick. O COVID-19 e os circuitos do capital, 2020. Disponível em: https://www.n-1edicoes.org/textos/59. Acesso em: 14 de novembro de 2020.

DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial 4.0 (CC BY-NC 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, exceto os comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.