História dos afrodescendentes:
disciplina do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará
Resumo
Os movimentos sociais negros no Brasil produziram a partir de 1970 uma forte crítica à educação brasileira e denunciaram a história oficial brasileira como parte de um sistema de dominação, como arma ideológica do racismo antinegro estrutural e reclamaram a escrita de uma história da população negra escrita por negras e negros da mesma forma que foi a produção da História Africana produzida pela UNESCO em 1982. Diversos autores dos movimentos negros se propuseram e realizaram textos históricos dentro da perspectiva das populações negras. A dificuldade seguinte foi a introdução das produções sobre a história da população negra nos currículos escolares e universitários. A dificuldade não apenas técnico, sobremaneira principalmente ideológica, visto que as universidades brasileiras são eurocêntricas e que o pensamento em torno das mazelas escritas em Casa Grande e Senzala produziram uma ideologia da inexistência de problemas racistas no Brasil. A maioria dos cursos de ciências humanas brasileira utilizam esse livro como explicativo da formação social brasileira. Fato muito contestado pelos intelectuais dos movimentos negros e quase nunca discutido pelas universidades. Mesmo com a existência da lei 10.639, de 2003 nenhuma mudança significativa foi observada nos currículos em geral. A organização da disciplina de história dos afrodescendentes para os cursos de pedagogia da Universidade Federal do Ceara enfrentou essa adversidade e a disciplina é oferecida como optativa desde 2002. O artigo apresenta os conteúdos e a ementa dessa disciplina. Trata-se de uma contribuição para a historia da educação dos afrodescendentes.
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